Mantenho a posição sobre a idade da reforma de um professor, desde o dia 26 de Julho de 1985, data em que terminei o Curso Superior de Línguas e Literaturas Modernas, na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra: um docente deveria poder reformar-se, sem quaisquer punições, aos 62 anos.

Falo por mim, não pelos outros.

No dia 26 de Maio, completei, em anos, a capicua deste número e, fazendo uma minuciosa retrospetiva de todo o meu percurso profissional, acho que é tempo de poisar o giz ou largar o cursor.

Com 62 anos, já pesam planos de aula para colocar no dossier, planificações de conteúdos programáticos para lecionar, atas de reuniões. para redigir, ações de formação para frequentar, testes para elaborar/ corrigir, aulas para ministrar… mas, acima de tudo, o fardo de ter de fingir que é útil toda esta imbecilizante bur(r)ocracia que é impingida a quem ensina!

Como não pretendo chegar aos 100 anos, gostaria de poder fechar a porta da Casa-Educação ainda com algum fôlego, pois tenho a certeza de ter cumprido o meu dever: ter deixado aberto, numa inumerada página, um livro inacabado, começado no sótão do pensamento de todos quantos foram meus alunos.

Eu sei que eles se lembram de mim! E eu deles!

Os próximos 4 anos serão inexoravelmente percorridos com sacrifício… exaustão… e até alguma displicência.

Quando passar o alpendre daquela Casa, não quero olhar para trás. Pela frente, ainda tenho a tarefa de gostar de (re) aprender tudo aquilo que ensinei.

Quero partir Aluno!