O Rali de Portugal, que volta este ano a cinco concelhos da região de Coimbra, teve na edição de 2019 um retorno financeiro direto de 31,7 milhões de euros, para um investimento de 600 000 euros.
O estudo do impacto na economia e na imagem da região foi apresentado, terça feira, por Fernando Perna, da Universidade do Algarve, o qual sustentou que é o acontecimento desportivo que mais projeta Portugal no mundo e a região Centro e Norte.
O responsável pelo estudo, que acompanha sempre o Rali de Portugal, sublinhou que o retorno financeiro direto, através dos que se deslocam para ver a prova, pernoitando e comendo, é mais significativo por ser em maio, fora do verão, e por se refletir em 60 por cento nos concelhos vizinhos dos que recebem as classificativas.
A edição deste ano do Rali de Portugal, sexta prova do Campeonato do Mundo de Ralis (WRC), mantém a partida em Coimbra e provas especiais na Lousã, Góis e Arganil, sendo uma novidade a inclusão de Mortágua.
A apresentação da 54.ª edição do Rali de Portugal, que decorrerá entre 21 e 24 de maio, decorreu no salão nobre da Câmara de Coimbra, com a presença dos presidentes dos cinco municípios, o presidente da entidade regional Turismo do Centro e o diretor desportivo da prova, Horácio Rodrigues.
Conforme foi ali referido, as regiões de Turismo do Centro e do Norte e os municípios envolvidos na realização do Rali de Portugal vão solicitar ao Governo uma comparticipação financeira do Estado na organização desta competição automóvel.
O vice-presidente da Câmara Municipal de Coimbra, Carlos Cidade, referiu que as duas entidades regionais de Turismo e as 14 autarquias que apoiam a edição deste ano do Rali Vodafone de Portugal vão enviar “ainda esta semana” ao primeiro-ministro, António Costa, um documento com esse objetivo.
Estado deve comparticipar
“O pedido de comparticipação financeira do Estado é já para a edição deste ano”, precisou Carlos Cidade, anfitrião da conferência de Imprensa de apresentação do Rali de Portugal, num momento em que o presidente da Câmara, Manuel Machado, se tinha ausentado da sala, devido a compromissos, em Lisboa, na qualidade de presidente da Associação Nacional de Municípios Portugueses, relacionados com o processo de aprovação do Orçamento do Estado para 2020.
Na intervenção final da sessão, o vice-presidente salientou que “um evento desta dimensão” exige o envolvimento da Administração Central no plano financeiro. Na sua opinião, o Rali de Portugal “tem uma posição única” na projeção do país a nível internacional.
As regiões de Turismo do Centro e do Norte e os municípios querem sensibilizar António Costa “para a necessidade de o Estado Central assumir também uma parte desta responsabilidade”, apoiando a iniciativa, como Manuel Machado já tinha defendido na abertura dos trabalhos.
“É o evento de maior projeção internacional de toda a região”, sublinhou, por sua vez, o presidente da Câmara de Arganil, Luís Paulo Costa.
O presidente da Câmara da Lousã, Luís Antunes, aproveitou o momento para realçar que o Rali de Portugal “é um investimento significativo que tem retorno”, sobretudo num território, entre o seu município e a capital do distrito, que “tem razões de queixa em relação às acessibilidades” depois do encerramento do ramal ferroviário da Lousã, há 10 anos, com a promessa de um metro ligeiro, desde 1996, e mais recentemente de autocarros elétricos, o denominado “Metro Bus”.
Para o presidente da Câmara de Mortágua, Júlio Norte, a estreia no Rali neste concelho é um “velho anseio” que valoriza as condições naturais existentes no município, enquanto Lurdes Castanheira, que lidera a Câmara de Góis, destacou que a prova é “importante para a coesão territorial”, confirmando tratar-se de “uma mais-valia e ter valido a pena, no ano passado, passar um cheque em branco”.
O diretor da prova organizada pelo Automóvel Club de Portugal (ACP), Horácio Rodrigues, frisou que a sustentabilidade ambiental “é uma das prioridades” da edição deste ano do Rali de Portugal, continuando a ser essencial manter os elevados níveis de segurança e de bom comportamento do público.
Quanto vale o Rali?
A importância do Rali de Portugal para a região (Coimbra, Lousã, Góis, Arganil e Mortágua) e o Turismo do Centro é destacada por Pedro Machado, muito para além do elevado retorno financeiro que tem.
Na edição de 2019 foram 15 as nacionalidades dos que vieram acompanhar a prova e a região beneficiou com a experiência positiva que tiveram, dado que pelo estudo efetuado constata-se que desejam voltar para conhecer melhor a região e vão recomendar a outros a visita.
A realização do rali combate, segundo Pedro Machado, um dos principais problemas estruturais desta região de Turismo, a sazonalidade e o baixo número médio de dormidas (1,8 noites). Durante a prova, no ano passado, os nacionais tiveram uma estadia de duas a três noites e os estrangeiros de quatro noites.