O homem é inquieto e a sua tessitura moral é frágil e leva-o a uma fixidez ou obediência na prática do mal, da inquietação mórbida num enquadramento significativo de lesar a coisa pública, o semelhante, da sua própria sensibilidade de destruir o bem na sequência do seu instinto que é uma forma medíocre da sua didática ou a abjetivação de matar psicologicamente o que o rodeia.
E o crime é assim, também, uma via dos mal formados, dos ressentidos, a caracterização dos invejosos, da intriga sempre na mente da imaginação ética dos que se limitam ao culto do mal-dizer e do mal-fazer!
O crime neste país atinge, por vezes, proporções elevadas e imensamente perigosas.
Os grandes sinónimos do sentido da justiça são celebridade que conduza ao severo castigo.
O dinheiro ilegítimo, o suborno, a chantagem, as negociatas, o tráfico de influências, a posição social e política, favores imerecidos, certamente causa o mal-estar criminal e não somente os agentes malfeitores de incapacidade cívica, mas entretanto inteligentes no crime, gente afinal de todos os estratos desta nossa sociedade gananciosa tem a moral do dever como um preceito erótico.
Nem todos os crimes são do foro psíquico, mas antes de indivíduos criminosos natos, que andam por toda a parte, Estado, autarquias, câmaras, por tudo que dá lucro, gente de hábitos adquiridos, mórbidos que muitas vezes ficam por esclarecer pela discrepância ou exegese dos textos da lei.
A virtude da justiça estabelece-se sobre uma relação do imediato, da honestidade em julgar, sem delongas, com a relação de proximidade no tempo e no espaço, ou seja, pela instituição do Direito, não ferindo o lesado mas punindo o criminoso, no adágio latino: “Suum cuique tribuere”, a cada qual o que é seu.
Há uma visão dantesca ou regressiva que nos deixa, tantas vezes, atónitos com a criminalidade do dia-a-dia, de agentes do crime organizado sem o carácter intersubjetivo com máfias estrangeiras de grandes efeitos nocivos.
Mata-se. Rouba-se. Executam-se de mil maneiras de lesar os valores morais dos cidadãos que cumprem o seu dever.
Há que fundamentar a defesa da sociedade com policiamento, com vigilância dos pressupostos que fundamentam a defesa do bem comum, numa espécie de absolutização do castigo como função primária do sossego cívico, que a justiça tenha, em certos casos, uma conceção psico-noética dos processos do conhecimento humano, do crime e das esferas universais do banditismo, servindo com eficácia a sua missão no combate a esta praga que esmaga os valores sagrados das comunidades e falseia o sentido histórico de uma terra, de um povo, de um país.
Deixámos, há muito, de ser um país de brandos costumes ou de santa beatice e de repente surgiu uma onda imensa de crimes multifacetados, uma bizarra universalização do crime, num constante atentado à lei.
É preciso um todo orgânico, algo regido por leis intrínsecas que, sem desvios faça combate ao mal, ao hediondo, e deixar-se as metáforas que tornam inteligíveis as normas legislativas, muito embora sejam “bonitos” os usos metafóricos de certos nomes pomposos, em leis muito bem enfeitadas e sem rigor prático.
Quadrilhas de malfeitores infiltram-se com facilidade pelo país onde se enxerga mafiosos estrangeiros a operar há largos anos neste torrão de heróis e santos e de gente sem vergonha.
Crise moral. Casos patológicos. Compadrio. Criminosos no aparelho do Estado, nas autarquias e repartições.
Qual o sentimento do homem normal perante as leis do ser e da moral, da justiça expressiva que atue, que castigue o criminoso?
Os direitos limitados do homem normal, sensato, que cumpre, não são compensados pelos deveres de quem faz cumprir a justiça e os criminosos que estão em todo o lado na “imoralidade” corrompeu todo o sistema, homens e leis numa grandeza maquiavélica.
Um facto político de relevância será, sem dúvida, a moralização desta sociedade doente, velhaca, egoísta, desprezível, com muitas ovelhas ranhosas.
Estas “ovelhas ranhosas” que estão em todos os sítios, em bicos de pé, engravatados, à frente, quase sempre, em lugares de destaque.
Que a fraude, o roubo, o delito deixe de ser a filosofia dos trapaceiros do nosso quotidiano!