O cancro do pulmão continua continua a ser, de acordo com os dados mais recentes, o tumor maligno mais diagnosticado em todo o mundo (11,6 por cento do total de casos) e a principal causa de morte por cancro (18,4 por cento do total). Apesar destes dados alarmantes, em Portugal continua a ser grande o desconhecimento da população sobre esta doença.
“Em Portugal constata-se ainda uma grande iliteracia por parte da população em geral sobre o cancro do pulmão”, alerta a Pulmonale – Associação Portuguesa de Luta contra o Cancro do Pulmão neste mês de novembro, dedicado à sensibilização para esta doença.
A associação apela para um reforço da sensibilização que permita diagnósticos cada vez mais precoces. Nesse sentido, lança a campanha “Objetivo Igual, Desafio Diferente”, onde partilhou nas redes sociais um vídeo com testemunhos de doentes.
“Desde a identificação dos sintomas, à importância do diagnóstico atempado, aos tratamentos disponíveis, há a necessidade de promover um maior conhecimento junto dos cidadãos”, reforça a Direção da Pulmonale. Até porque, acrescenta a pneumologista Bárbara Parente, continua a ser elevada a percentagem de atrasos no diagnóstico, sendo aqui a principal justificação “a falta de sintomas numa fase precoce da doença, o que leva a que o doente procure o médico já numa fase avançada”.
Situação que, reforça a médica, tem impacto no prognóstico. “Nos cerca de 25 por cento dos casos em que o diagnóstico é feito precocemente, o prognóstico é francamente bom aos cinco anos. Quando o doente nos chega numa fase avançada e/ou metastizada, as sobrevidas, apesar de todas as terapêuticas inovadoras atuais, ainda não se alteraram substancialmente aos cinco anos”, alerta.
É por isto que a Pulmonale aposta na prevenção, sobretudo a nível do tabagismo. “Acabar com o estigma do doente com cancro do pulmão, trazer esta patologia para a agenda dos decisores e dar uma mensagem de esperança aos doentes” são outros dos objetivos do trabalho da associação, que se propõe ainda dar apoio aos doentes e seus cuidadores. “No caso do cancro do pulmão, em que muitas vezes o diagnóstico ocorre quando a doença se encontra numa fase tardia, em que o doente na grande maioria dos casos é ou foi fumador e, como tal, se sente ‘culpado’, em que se associa esta patologia a um prognóstico pouco promissor, há uma grande tendência para estes doentes se isolarem. Cabe, neste caso, à Pulmonale, promover o ‘empowerment’ destes doentes, prestar a informação sobre todas as abordagens de tratamento possíveis, esclarecer dúvidas e apoiar os doentes e os seus cuidadores”, sublinha a especialista.