Houve sempre no homem da cidade de Coimbra a problemática de ventilar a questão literária numa filosofia estética, em tertúlias à mesa do café com gente esclarecida. De facto começou a ser inventivo, a criar, a expor a sua arte, a dar à estampa os seus livros, a pintar, a compor, a esculpir num documento psicológico e moral de muito interesse sociológico e antropológico como se fosse uma espécie de prazer pessoal deste novo homem, de desejar elevar Coimbra, o país numa ânsia de percorrer os caminhos do conhecimento fechados na longa noite fascista.
Emergiram homens da envergadura mental como Miguel Torga, Nunes Pereira, Paulo Quintela, Mário Temido, Mário Braga, Cabral Antunes nas artes, no pensamento acutilante com a filosofia, com a ciência, com a literatura, e na arte uma forma expressiva do artista se exprimir a pintura ganhou relevo com Fausto Sampaio, Hébil, Manuel Jardim, José Contente, Lúcia Maia, Harrison, Jacqueline Mois, Luís Pimentel, José Berardo, Vasco Berardo, num festim para os olhos e para o espírito.
Coimbra, como o resto do país, acorda do grande sono do fascismo, da ditadura e o movimento artístico foi feito pelo próprio artista que deixou de contemplar a dialética transcendental de Hegel e o positivismo de Konte ou a razão de Kant, para passar tempo com o pensamento de filósofos de meras sugestões metafísicas, e volta-se para a criação eclética onde alguns intérpretes ganharam o estatuto de valia internacional.
Enfim um grupo de artistas que em certos períodos da criação coimbrã localizou a arte no centro do mundo e não no seu umbigo.
Páginas brilhantes obrigaram os homens da arte e do pensamento nesta linda cidade que está acordada na criação da arte com livros, pinturas, escultura, música, numa visão geral e, tantas vezes, inédita.
O homem de Coimbra não é amorfo, passivo a saber vivificar a originalidade.