11 de Outubro de 2024 | Coimbra
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ORLANDO FERNANDES

Pontos de Vista: A situação económica em Portugal

5 de Fevereiro 2021

O Governo de António Costa já não consegue sequer continuar a mentir sobre o país em tons rosa. O próprio Ministro-adjunto e da Economia, Siza Vieira – supostamente o responsável máximo pela gestão do envelope financeiro que vem da Europa, avisa que “muitas empresas não vão sobreviver” à pandemia.

Siza Vieira alerta que os próximos tempos vão ser de “ressaca e de incerteza sobre a evolução da economia”: E admite: “Muitas empresas não irão sobreviver com a procura deprimida, muitos desempregos perder-se, o desemprego jovem, em particular, deve merecer a nossa atenção”.

O Ministro de Estado, da Economia e da Transição Digital alertou que “os próximos tempos vão ser difíceis, vão criar ansiedade e gerar potencial conflitualidade social”, pelo que considera que o Executivo deve “trabalhar afincadamente” para que os “os trabalhadores que perderam o emprego possam encontrar nova colocação”, bem como para que as empresas “possam manter os seus trabalhadores com capacidade produtiva para que o tempo da inatividade seja aproveitado para reforçar competências”.

Neste cenário negro, o consumo privado explica grande parte da recessão histórica de 16,3% no segundo trimestre. A economia portuguesa contraiu 16,3%, em termos homólogos, no segundo trimestre de 2020, no qual já foi totalmente afetada pela pandemia. Já face ao trimestre anterior, em cadeia, a quebra foi de 13,9%. Os dados foram divulgados no início desta semana pelo INE, que apresentou as contas nacionais trimestrais.

“No 2.º trimestre de 2020, o Produto Interno Bruto (PIB) registou uma taxa de variação homóloga de -16,3% em volume, após a redução de 2,3% no trimestre anterior”, anunciou o gabinete de estatística, explicando que “a forte contração da atividade económica refletiu o impacto da pandemia covid-19 que se fez sentir de forma mais intensa nos primeiros dois meses do segundo trimestre”.

“Comparando com a segunda Estimativa Rápida para o 2.º trimestre, a incorporação de nova informação de base não implicou revisões nas taxas de variação homóloga e em cadeia do PIB anteriormente publicadas”, esclarece o INE, depois de há 15 dias ter melhorado estimativa em duas décimas.

A contração de 16,3% no segundo trimestre deste ano é a maior queda do PIB num trimestre de que há registo oficial. Até agora, a maior quebra do PIB num trimestre, em termos homólogos, tinha sido registado no quarto trimestre de 2012,quando a economia contraiu 4,5%, de acordo com a série histórica do INE, que começa em 1996.

O maior contributo negativo para o PIB foi dado pela procura interna (-11,9 pontos percentuais), o que traduz a queda profunda do consumo privado – a maior componente do PIB – e, em menor grau, do investimento. “No 2º trimestre, o contributo da procura interna para a variação homóloga do PIB passou de – 1,2 p.p., no 1º trimestre, para -11,9 p.p”, descreve o INE, referindo que o consumo privado contraiu 14,5% e o investimento diminuiu 10,8%, em temos homólogos.

Dentro do consumo privado, as despesas dos cidadãos dividem-se entre bens duradouros e bens não duradouros e serviços, entre estes os alimentares. Neste segundo trimestre, no conjunto, o consumo privado afundou 15%, mas houve diferentes desempenhos, também explicados pela pandemia.

Por um lado, o consumo de bens duradouros contraiu 27,6%, “refletindo principalmente uma quebra abrupta das aquisições de veículo automóveis” explica o INE. Os números das vendas de automóveis em Abril, Maio e Junho já deixavam antecipar este cenário.

Por outro lado, a componente de bens não duradouros e serviços também caiu, mas menos: -13,6%, em termos homólogos. Porquê esta queda mais baixa? O segredo está na componente de bens alimentares, que registou um “crescimento mais acentuado”, isto é, um aumento de 4,7% no segundo trimestre, o que reflecte a corrida aos supermercados que se registou no início da pandemia.

No meio da crise económica, os parceiros da geringonça começaram a atacar o Executivo de António Costa.

O BE considerou que auditoria ao Novo Banco, agora divulgada, não responde à pergunta “se a Lone Star está a enganar o Governo Português” e defendeu a divulgação do documento que chegou ao Parlamento, alegando não ter dados confidenciais.

“Muitas vezes, quando se procura fazer tudo, corre-se o risco de dizer muito pouco sobre cada coisa e é o que parece ser esta auditoria”, disse a deputada do BE Mariana Mortágua aos jornalistas, no Parlamento numa “análise preliminar” ao relatório da autoria ao Novo Banco, realizada pela consultora Deloitte.

Em relação à confidencialidade do documento. A deputada bloquista começou por referir que “a Assembleia da Republica tem que ter todos os dados para poder analisar o que se passou no BES e no Novo Banco, incluindo nomes de empresas, nomes de devedores e de empresas que tiveram as operações reestruturadas ou perdoadas”, considerando que “o documento que chegou à Assembleia da República pode ser divulgado desde já porque não tem nenhum dado que seja confidencial”.

“Temos de acabar com este regime de pôr um carimbo de segredo nos documentos que aqui chegam para que não possa haver transparência”, disse. Segundo Mortágua, “a auditoria confirma alguns dados” que já eram conhecidos.


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