Isabel Zamith é uma pintora social, mesmo existencial, suscetível de desenvolver em cada um de nós as mais ricas sensações perfeitamente diferenciadas, qual alquimia que leva a pintora a explicar-se por mitos a si própria e aos outros!
Singular – pessoa. Singular pintora! Larga nos temas. O urbano e o rural! E a figura. E o retrato.
É certo que a sua profundidade nunca é constrangida, artificial, instável, porque parte de dentro para fora, com alguns suportes literários ou filosóficos, sem a fatalidade do pós-modernismo, servindo-se paradoxalmente do conhecimento empírico da experimentação embelezando as leis gerais do desenho pela cultura vasta e pela aguda perceção.
De exposição para exposição marcou uma estética, um modo de ser ou uma gramática na ânsia de desvendar o mundo dando “beleza” à imagem, ora numa pintura utilitária e pragmática em imagens quentes dum verbo que tem equilíbrio técnico e a ousadia do “novo”!
Sabemos que não é fácil trilhar/rolar por caminhos cheios de escolhas mas a pintora tem segurança e usa, singularmente, determinado positivismo que parece, de repente, algo romanesco, mas é, antes, a sua consciência de esteta que vai criando as suas figuras, o seu mundo que pode ser o nosso, tal o hino que tece à terra lusa e aos caracteres da sua psicologia de agente da cultura e que se abre para a humanidade do ser!
Gostámos de ver esta exímia pintora rebelde a figurinos, a meros copismos, verseja pelos pincéis, lembrando Rimbaud, na sua rebeldia, na sua falua ou pequeno barco em mar revoltado ansiando ancorar num porto remansoso transmitindo somente tranquilidade.
Cônscia da sua funcionalidade que precisa, isso sim, de explorar ainda outras páginas, outras tendências, naquele apelo das ideias superiores que se vislumbram numa vasta teoria dum intelectualismo compreendido pela crítica e pelo público!