É uma pessoa inquieta pela perfeição e há na pintura desta artista de Coimbra uma espécie de odes de fogoso romantismo como desenvolve o cromatismo mas sobretudo o desenho, o traço e transmite uma mensagem lírica nos seus temas que vêm desde o século XX dos anos 70 e 80 que alimentou ideologias e sistemas com outros confrades Victor Matias, Susana Harrison e Jacqueline Moys, estas inglesas radicadas na nossa terra, Maria Venâncio, Victor Ramos, Cunha Rocha, Mário Silva e outros, tornando-se uma “teórica” usando o pensamento de Proudhon, no seu entusiasmo pela arte e pela cultura.
E ainda hoje – embora doente – continua a pintar para satisfazer encomendas. Pinta, sobretudo, a pedido de admiradores espalhados por vários sítios.
Trabalha o desenho como se fosse uma gesta revolucionária e expressa consciência progressista à paisagem.
Pinta a natureza ora torturada, ora feliz, conforme os seus estados de alma.
Foi mentora de eventos artísticos e foi uma pedagoga alimentando o entusiasmo da arte nos artistas de Coimbra, descobrindo talentos, proferindo pequenas palestras que continha o sabor intelectualista recorrendo a estilos diversificados que se unem num senso universalista. Foi, no fundo, no século passado, de 80 e 90, uma figura de relevo que galgou as fronteiras em obras adquiridas.
Ainda hoje pinta mercê de pedidos feitos por individualidades que reconhecem o seu prestígio.
A pintura é um complemento de si próprio, é o sangue, uma filosofia de vida, a sua essência ou a perceção transcendental que não se absolutiza, antes dá um credo relativo das coisas, do efémero, num binómio curioso do conhecer e do ser.
Formou a ideia de Coimbra ser com os seus artistas um gesto impulsivo de amizade e um símbolo de reconciliação promovendo a aproximação e de reconhecimento pelo talento.
Com Pedro Olaio (Filho) e irmãos Berardo promove algumas exposições e leva a “nossa arte”, a doméstica a outras paragens.
Alguns pintores têm o seu patrocínio numa assistência afetiva.
Visionária. Hoje, doente, já não faz da sua casa uma sala de fraternidade humana com gente ilustre de todas as profissões. Médicos, advogados, engenheiros, bancários, pessoas que sentem a arte e tinham muito para dizer sob alçada da decana das pintoras de Coimbra.
Foi vulgar muitos pintores exporem os seus trabalhos porque esta singular artista os encorajou na Galeria do Primeiro de Janeiro (que tanta falta faz) ou noutras…
Tesha, Leuconá e tantos tiveram o seu patrocínio. Mulher da cultura, teve o seu tempo dourado. A maestrina, pintora e escritora Lúcia Maia, a sábia Alda Belo, poetisa e pintora, e Rosa Maria, são figuras de relevo.
Ainda hoje na sua fragilidade física, na afinidade de patologias agressivas, não raro, galvaniza-se ao recordar o tempo de ouro da pintura de Coimbra.
Impressionista mexeu em todos os estilos e argumentava e discutia com raro saber.
Helena Toscano foi – e é – uma invulgar idealista.