Tal dia de Natal, tal dia de Ano Novo, tal dia de Santo Amaro, assim dizem os devotos deste orago, com o fim de ninguém se esquecer do dia de semana a que calha. Em tempos, o povo edificou no Picoto, no meio dos pinhais, a capela que viria a acolher a sua venerável imagem, tendo instituído 15 de janeiro como o dia da sua festa, que sempre se realiza naquela data, quer calhe à semana ou ao domingo. E se há muito que fazer não interessa: o trabalho pode esperar mas o Santo é que não, pois é das promessas que ele vive! A ancestralidade desta devoção prende-se a uma antiga lenda que refere ter sido o Santamarinho quem consertou uma perna partida ao primo, o S. Romão, quando este garreou com o Santo André da Espinheira, pois queria roubar-lhe a namorada, a Senhora da Guia do Montoiro. A partir daí, que outro melhor do que ele para cuidar dos ossos dos seus crentes? Talvez por isso, quem percorre com a sua veneração os caminhos e carreiros que levam àquela ermida, quem assiste à missa cantada e ao sermão, quem paga as promessas e vai na procissão com os ex-votos e os registos na mão e, no final, espera pela bênção que sempre acontece no terreiro, quem faz tudo isto imbuído de religiosidade, por certo acredita nos milagres e seguramente não se esquece de continuar a pedir pernas a Santo Amaro, tal como não se esquece de passar pela capelinha do S. Romão e agradecer ter sido ele que, em tempos, guardou o Picoto dos cães danados!