“O ministério da Saúde está a afastar os médicos do Serviço Nacional de Saúde (SNS)”. A denúncia é feita por Carlos Cortes, presidente da Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos (SRCOM), que tece duras críticas ao mapa de vagas para a colocação de médicos especialistas, considerando que os critérios de colocação são uma “afronta” às necessidades reais desta região do país.
A SRCOM explica que apenas 18,4 por cento das vagas a concurso são para a região Centro, isto é, 89 das 482 vagas existentes. “O ministério da Saúde abriu vagas para 12 recém-especialistas de Medicina Geral e Familiar na região Centro (120 a nível nacional) mas são necessários 40 médicos de família nesta região”, esclarece. Carlos Cortes realça, ainda que, sendo necessários “perto de 400 médicos de família” ao país, “não é compreensível que o ministério da Saúde apenas disponibilize 120 vagas limitando assim a escolha dos candidatos e dificultando a sua fixação no SNS”. No seu entender, “semelhante situação está a acontecer a nível hospitalar, isto é, as vagas necessárias a muitos hospitais estão a ser vedadas aos potenciais candidatos”.
Para Carlos Cortes, “o ministério da Saúde está a tornar-se no maior entrave à fixação dos médicos no SNS”, sendo “o único responsável caso a totalidade dos lugares a concurso não venha a ser preenchida, como seria desejável”.
A título de exemplo, o atual concurso distribuiu vagas da seguinte forma em Medicina Geral e Familiar e Saúde Pública: Agrupamento de Centros de Saúde (ACeS) Baixo Mondego (2); ACeS Baixo Vouga (1); ACeS Cova da Beira (1); ACeS Dão Lafões (2); ACeS Pinhal Interior Norte (2); ACeS Pinhal Litoral (2); ACeS Guarda (2); e Saúde Pública (2).
Já para as áreas hospitalares foram atribuídas para a região Centro 75 vagas, distribuídas da seguinte forma: Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (6); IPO – Coimbra (2); Unidade Local de Saúde de Castelo Branco (7); Centro Hospitalar Baixo Vouga (5); Centro Reabilitação Região Centro – Rovisco Pais (1); Centro Hospitalar de Leiria (11); Centro Hospitalar Cova da Beira (19); Centro Hospitalar Tondela-Viseu (7); Unidade Local de Saúde da Guarda (12); Hospital da Figueira da Foz (5).
“Este tipo de concursos não tem favorecido a contratação de médicos para o SNS, tal como em todos os anteriores. Essa é uma evidência. Estranha-se que o ministério da Saúde insista num procedimento em que não são propostos todos lugares necessários para possibilitar uma oferta mais vasta e mais capaz de fixar os médicos no SNS. Desta forma, o ministério da Saúde irá deixar milhares de utentes sem acesso adequado e atempado aos cuidados de saúde”, alerta Carlos Cortes, exigindo, em “nome da transparência e da equidade do acesso a cuidados de saúde”, que sejam “tornados públicos os critérios subjacentes a estes concursos e as vagas pedidas pelos hospitais e pelas unidades de cuidados de saúde primários”.
Tal como está, “este mapa de vagas não serve para atrair os jovens especialistas para o SNS. Mais uma vez, o ministério da Saúde falha gravemente na gestão dos seus recursos humanos”, critica o presidente da SRCOM.