O Olivais Futebol Clube (FC) comemora domingo 87 anos. Com um percurso longo e honroso, este emblemático clube de Santo António dos Olivais tem apostado em novas modalidades para diversificar a oferta mas continua a ansiar pela construção do novo pavilhão nas traseiras do atual. Essa é uma das grandes ambições desta coletividade que, com cerca de 200 atletas só no basquetebol e mais de 400 sócios, transporta uma mística única, que continua a unir muitas e muitas gerações.

A construção de um novo pavilhão, nas traseiras do atual, continua a ser um sonho permanentemente adiado na vida do Olivais. O clube celebra 87 anos no domingo, 6 de fevereiro, e há mais de uma década que anseia por esta construção que irá melhorar, indubitavelmente, a vida desta coletividade que, com os seus feitos desportivos, tão longe tem levado o nome de Coimbra.

O presidente do Olivais, António Fonseca, sublinha que se trata de um equipamento fundamental para que possa formar os seus atletas, sem ter necessidade de recorrer a espaços exteriores, o que acarreta despesas significativas para este clube que todos os dias procura contornar as dificuldades financeiras sentidas.

Recorda que esta é uma luta que vem já da anterior Direção e lamenta que “o projeto aprovado em 2011 não tenha ainda avançado”. “Nós queremos um pavilhão novo nesse terreno, com as alterações necessárias ao projeto da altura”, sublinha, lamentando que continuem a surgir fatores externos ao Olivais que conduzam a “sucessivos e incompreensíveis adiamentos”.

“O novo pavilhão é fundamental para o Olivais, a todos os níveis. Só com esta nova infraestrutura é que o clube poderá ter outras condições. Com tantos atletas e tantas equipas, a quem é preciso assegurar treinos quatro vezes por semana, é evidente que não é fácil”, realça, lamentando que o Olivais tenha que continuar a recorrer a outros pavilhões, nomeadamente de escolas, o que “acarreta despesas acrescidas para este clube que já se depara com tantas dificuldades económicas”.

António Fonseca assume que essa é uma das “grandes ambições” da atual Direção, que tomou posse no início de julho de 2020, já em plena pandemia, e que cessa funções em março, cumprindo os estatutos do clube. O presidente adianta, contudo, que o projeto desta equipa é para continuar, até porque a pandemia obrigou a que a grande maioria das iniciativas que integravam o seu plano de atividades fossem canceladas. Espera, todavia, que “mais listas apareçam, porque o Olivais merece que surjam novas ideias, que sejam todas explicadas aos sócios para que eles possam escolher o projeto que considerem melhor para o futuro do clube”.

Boxe e atletismo juntam-se ao basquetebol

Apesar das limitações impostas pela pandemia, que condicionou a grande maioria das realizações, a Direção avançou com a criação de duas novas secções, de boxe e de atletismo, que se juntaram assim ao basquetebol, a grande “estrela” do clube.

A secção de boxe foi criada em 2020, em finais de outubro, e surgiu na altura com cerca de 20 atletas. “A criação desta secção está em linha com a estratégia de diversificação da oferta desportiva a oferecer a sócios e simpatizantes do Olivais FC. Visa captar novos atletas e chegar a novos públicos alvo, que possam vir a fazer crescer a família olivanense, numa fase em que muitos praticantes têm reduzido a sua atividade desportiva por força das consequências da pandemia Covid-19”, explicaram, na altura, os responsáveis por esta coletividade.

A secção de atletismo surgiu em setembro do ano passado e veio retomar uma atividade que já foi muito querida no clube. “Já há algum tempo que a modalidade de atletismo estava identificada como uma modalidade prioritária para o Olivais FC, não só porque se apresenta com um elevado potencial de crescimento junto dos mais jovens, nos escalões de formação, mas também porque cada vez mais a cidade de Coimbra dispõe de um conjunto de infraestruturas que permite aos clubes equacionar a oferta desta modalidade com a certeza de que os seus atletas poderão aprender e treinar com todas as condições físicas, materiais e de segurança”, referiu, na altura, o presidente do clube. Esta secção, presidida por Márcio Oliveira, vice-presidente do Olivais, começou com crianças e jovens, de ambos os sexos, decorrendo os treinos na pista do Estádio Cidade de Coimbra.

António Fonseca adianta que “o atletismo está a correr muito bem”, contando com mais de 30 atletas e tendo “muito por onde crescer”.

Apesar do basquetebol continuar a ser a modalidade mais importante do Olivais, o presidente sublinha que o “clube não pode viver só do basquetebol e tem que diversificar a sua oferta para continuar a crescer”.

No basquetebol, mantém toda a sua dinâmica, com cerca de 200 atletas distribuídos pelos vários escalões, do mini basquete aos seniores, tanto nos masculinos como nos femininos.

Formação é a grande prioridade

No basquetebol, a grande prioridade da atual Direção passa por “apostar fortemente na formação”. António Fonseca lembra que, desde que tomou posse, esta equipa “só teve pandemia e dificuldades”, sendo “muito difícil gerir o clube neste contexto”.

“As dificuldades financeiras já são históricas como o clube. Nós tentamos estancá-las mas muito à custa de resultados desportivos. Se não temos dinheiro não podemos querer ter campeões, até porque ainda andamos em 2022 a pagar contas da equipa campeã em 2018”, frisa.

Desde que tomou posse que a equipa definiu a formação como a sua prioridade. António Fonseca afirma que querem “formar jovens para as equipas do Olivais”. Lembra que, quando prepararam a candidatura, houve mesmo quem defendesse que deviam “acabar com as equipas seniores e recomeçar de baixo mas, mesmo que financeiramente pudesse ser o mais recomendado, somos todos olivanenses e o coração também manda”. Portanto, tem “procurado gerir as dificuldades” e manter todas as equipas em competição.

No caso da equipa sénior feminina o desejo é assegurar que continua na Liga Nacional, evitando a descida.

No setor feminino, foi também criada uma equipa B de Sub22 na época 2021/2022, que disputa o escalão imediatamente abaixo da Liga Nacional, a 1.ª Divisão. Com esta novidade, a Direção pretende proporcionar às atletas mais experiência e mais oportunidades.

A caminho da subida está, mais uma vez, a equipa masculina. Já na última época esteve perto de subir à Proliga e António Fonseca espera que consiga essa proeza esta época. Neste setor, recorda que criaram também o escalão de sub18 masculinos, que não existia e que “permite que jovens de 15 anos não vão jogar logo com atletas de cerca de 30”.

Na formação, o desejo é ter muitos atletas e conseguir formá-los bem, de forma a que possam assegurar o futuro do clube, nos vários escalões.

A mística que o clube transporta

O Olivais é um clube que transporta consigo uma grande mística. O antigo clube de bairro, que se assumiu também como um importante palco social e de convívio, assistiu nestes 87 anos a um grande crescimento.

O amor pelo clube não muda e tem passado de geração em geração, mobilizando não só os atletas, as sucessivas Direções, os associados e as famílias de quem passa por esta casa, merecendo os pais uma palavra especial, pela forma como acompanham os filhos e como apoiam o clube.

Atualmente, o Olivais conta com cerca de 400 sócios. De acordo com António Fonseca, 100 entraram já com esta nova Direção, que tem apostado numa renovação dos associados e também na captação de mais gente jovem.

Esse é o caminho que quer continuar a trilhar. O presidente do Olivais sublinha que a pandemia “levou à perda de atletas e de patrocinadores”, assim como levou ao encerramento do bar, que representava uma fonte de receita para o clube. Mas, pouco a pouco, toda essa dinâmica está a ser retomada. “O bar reabriu, o pavilhão começa novamente a ter gente, as pessoas estão a voltar. Há uma mística fantástica nas pessoas do Olivais, que é transmitida por todas as pessoas que vivem e sentem o clube. Há pessoas que estão sempre presentes, são os seus rostos visíveis, que fizeram um pouco de tudo nesta coletividade”, sublinha.

É esta mística que marca também mais um aniversário do Olivais FC, um aniversário atípico e contido, fruto do atual contexto que se vive. Apesar de não poder ser celebrado como era desejo da Direção, estes 87 anos vão ser assinalados domingo, 6 de fevereiro, com uma cerimónia restrita e simbólica, marcada pelo hastear das bandeiras e pelo apagar das 87 velas que evocam o longo e honroso percurso deste clube histórico de Coimbra.