Forte e poderosa, a voz do Ardina ecoa, todas as sextas feiras, pelas ruas da Baixa de Coimbra e mesmo por outras artérias da cidade. Apregoa bem alto as últimas notícias d’ “O Despertar”, convidando o transeunte a aproximar-se e a levar consigo aquele que é o mais antigo jornal da cidade.
Este “ritual” começou nos finais de 2012, quando Victor Manuel Lucas, homem de “sete ofícios”, aceitou este desafio para recriar uma atividade que tanta tradição já teve e que se foi perdendo ao longo das décadas. Desde então, o “grito” do jornaleiro tornou-se presença assídua nas ruas da cidade, onde é recebido com afeto pela população e com grande curiosidade por parte dos turistas.
Victor Manuel Lucas, homem simples e de conversa fácil e afável, diz que é com grande paixão que, semanalmente, de farda vestida e saco a tiracolo – preparados a preceito e identificativos d’ “O Despertar –, “encarna” este ofício que abraçou já lá vão mais de quatro anos.
“Esta atividade representa muito para mim. Permitiu-me conhecer melhor a cidade, as pessoas, o povo… Têm sido muito gratificantes estes anos que tenho estado n’ ‘O Despertar’, um jornal que está muito enraizado na cidade e que é muito acarinhado pelas pessoas”, realça.
A forma como sempre foi abordado nas ruas deixa-o “contentíssimo” e faz com que se sinta “em casa”.
“Todos me recebem muito bem. Sinto que as pessoas têm muito afeto pelo jornal e também por mim. ‘O Despertar’ é sempre muito bem recebido e tenho muitas pessoas que estão à espera dele todas as sextas feiras”.
Neste calcorrear de ruas, fazendo-se notar com o seu apregoar, o Ardina travou também muitas amizades e continua a fazer parar os turistas que, perante esta figura típica, fazem questão de tirar uma fotografia para levaram consigo.
“É engraçado. Eles param, fazem perguntas e tiram muitas fotografias”, conta, considerando que o Ardina d’ “O Despertar” é “já um figura típica da cidade de Coimbra”.
E é assim que quer continuar a ser, não descurando contudo os seus outros ofícios. Homem de mãos hábeis e “jeito para tudo”, é um dos típicos autodidatas, que pinta, restaura artigos antigos e arranja tudo (ou quase tudo) o que lhe vier parar às mãos.
Neste momento em que “O Despertar” celebra cem anos, quis associar-se à efeméride não apenas como o Ardina que Coimbra já bem conhece mas também pelos seus traços, desenhando-se a si mesmo no cartoon que acompanha este texto.
Portanto, amigo leitor, se se cruzar com o “nosso” Ardina por uma destas ruas de Coimbra saiba que este senhor, o Victor Manuel Lucas, faz também parte desta vasta “família” que compõe o nosso jornal centenário, ajudando-nos a levar mais longe o seu nome e a sua história de cada vez que lança o seu pregão. “Olhooooooó DESPERTAR”!!!!…