A obesidade infantil “continua a aumentar” em Portugal, aponta um estudo do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP), que envolveu mais de cinco mil crianças da Área Metropolitana do Porto, e cujas conclusões foram reveladas no final da semana passada.
De acordo com a coordenadora da investigação, Ana Cristina Santos, o estudo, publicado em dezembro na revista International Journal of Obesity, contraria a ideia de que “as prevalências de obesidade em Portugal pareciam estar a estabilizar”, tal como acontece em alguns países do norte da Europa.
“Quando comparamos a obesidade a outras doenças, percebemos que as estimativas são incomparáveis. Assumir que estamos perante uma situação de estabilidade ou controlo parece-nos prematuro, por isso, é de facto importante continuar a falar, a realçar e a intervir”, apontou a responsável à Lusa.
O estudo, que envolveu mais de cinco mil crianças, baseou-se nas avaliações realizadas às crianças aos quatro, sete e 10 anos. Segundo Ana Cristina Santos, a investigação permitiu concluir que aos quatro anos, 22 por cento das crianças têm excesso de peso, valor que atinge os 26 por cento aos 10 anos.
Por sua vez, o estudo avança que aos quatro anos, 10 por cento das crianças já são obesas, que dos quatro anos para os sete, a obesidade atinge 15 por cento dos participantes e que aos 10 anos, 17 por cento são consideradas obesas.
“No excesso de peso vemos uma maior estabilização, as estimativas não flutuam tanto, mas na obesidade vemos um aumento ao longo da infância. Parece-nos que a idade pré-escolar é um ponto que é necessário intervir”, referiu a investigadora.
Considera, por isso, que “mais do que dizer se a obesidade está a estabilizar”, é importante continuar a “realçar que o investimento na prevenção da obesidade infantil deve ser uma área prioritária”.
“Estas situações são muito difíceis de serem revertidas depois de instaladas. Sabemos que estas crianças estão em risco de se tornarem adolescentes obesos e, posteriormente, adultos obesos”, concluiu.