Foi uma figura multifacetada, artista, filósofo, extravagante nos gestos e nas conversas, diferente, no seu tempo, que também foi o nosso, desenhou, pintou e rodeou os seus trabalhos de uma segurança professoral e duma forçosa ortodoxia conceitual. Tudo, mas tudo lhe servia para dialogar com sentido socrático. Chegou a ser um símbolo de Coimbra no meio académico e artístico, ora com os seus murais que ilustram muitas paredes de casas solarengas de restaurantes numa ilustração inédita e onde predominava motivos da cidade do Mondego.
Mas Mário Silva foi acima de tudo um conversador nato, original, instruído ensaiava novas experiências e a pintura era tarefa da sua psicologia sempre insatisfeita.
Conhecia como poucos a História da Arte, desde os antigos gregos à Renascença e aos dias de hoje.
Criticava nas suas conversas a introspeção e afirmava que o diálogo era o melhor método para a pesquisa psicológica.
Dispensava grande respeito pelo trabalho dos seus contemporâneos.
Pintor de pensamento versátil, viveu sempre no seu mundo de mudança: a criar novos motivos.
Expressionista, viveu com angústia, a queda da pintura, da cultura plástica com intrusos a lembrar algumas personagens de Dostoiévski, ou Camilo Castelo Branco, espíritos vulgares em atitudes extravagantes.
Pintor, filósofo e boémio, na sua figura marcial foi, no seu tempo, o de ontem e de hoje, um dos maiores pintores de Coimbra.
Assisti a várias exposições de Mário Silva, sempre curiosas na apresentação dos seus trabalhos, como em Lisboa, abriu o certame com um garrafão de vinho e chouriça expostos no chão para os visitantes se regalarem com o vinho da Bairrada.
Grande pintor. Grande alma. Generoso, culto e singular, revolucionou o modo de estar na pintura.
A sua obra está espalhada por vários sítios.
Faleceu na Figueira da Foz, onde viveu os últimos anos!