Em 2017 o jornal O Despertar comemorou 100 anos de existência, feito raro ao nível dos periódicos nacionais, e que levou a sua Direção a delinear um programa comemorativo assente em dois momentos de relevante valor cultural: a edição do livro do centenário e a apresentação de uma exposição evocativa. Porém, e pelas razões a seguir aduzidas, as iniciativas não foram concretizadas.
O programa comemorativo ficou definido em 2016, tendo a Câmara Municipal de Coimbra, na pessoa do seu presidente Dr. Manuel Machado, decidido associar-se às comemorações, suportando os custos da edição do livro, dada a relevância cultural do jornal na história da cidade, em especial da baixinha onde durante anos a fio teve o seu local de edição.
Neste sentido, o município chegou a acordo com o historiador Dr. João Pinho – a minha pessoa, portanto – para a elaboração dos textos para a obra (Aviso nº 13/DAG/DRH/2017), tendo apresentado 4 versões do livro em 2017, seguindo nos meses seguintes, e à risca, todas as orientações dos técnicos da Divisão de Cultura e Turismo, em articulação com a gráfica e paginador envolvidos na produção editorial.
Contudo, tanto o livro como a exposição não foram apresentados durante os anos de 2017/2018, muito embora estivessem reunidas, aparentemente, todas as condições para a sua concretização. Apesar de múltiplos esforços para tentar perceber e contornar esta situação difícil, chegamos a 2020 sem respostas e muitas dúvidas no ar.
Passou tempo em demasia sem uma única explicação para tal inusitado facto, que considero como humilhante desconsideração: pela história centenária do jornal, pelas sucessivas Direções (Henriques, Sousas, Correia e Vinhal) colaboradores, assinantes e anunciantes.
Um vexame que atinge, diretamente, o próprio presidente da Câmara Municipal de Coimbra que na tertúlia a Fausto Correia, realizada a 21.04.2017, salientou a importância da imprensa regional, ao mesmo tempo que anunciava aos convidados: «que a Câmara vai editar um livro sobre a história do jornal que deverá ser apresentado no Dia da Cidade, a 04 de Julho». A testemunhar esta afirmação (vide edição de O Despertar de 28.04.2017) uma plateia repleta de figuras de prestígio como Jorge Coelho, Manuel Queiró, Ana Abrunhosa, Rui Alarcão, Dias Loureiro, Pedro Machado, Mota Pinto, Pinto Monteiro, entre outros.
Em respeito à História e Memória de Coimbra e Região, e zelando pela verdade dos factos, faço um derradeiro apelo público para que as forças envolvidas no projeto, em especial ao Ex.ª Presidente da Câmara Municipal de Coimbra, Dr.ª Manuel Machado, tomem as devidas providências para honrar os compromissos assumidos.
Coimbra é a Cidade do Conhecimento, Coimbra é candidata a Capital Europeia da Cultura, Coimbra deseja afirmar-se no contexto regional e nacional. O procedimento para com O Despertar não é, nem nunca será, um ato de Valorizar Coimbra.
Entretanto, o Despertar cumpriu mais 3 anos de vida. São já 103! Este ano renovou a sua linha editorial e tornou-se o jornal das freguesias de Coimbra. Mais um elemento importante para inserir no prometido livro que tarda em conhecer a luz do dia.