“O Despertar” acaba de completar 102 anos de vida, data que é celebrada hoje com uma edição comemorativa. O “modesto jornal de província” apresentou-se à cidade a 2 de março de 1917, assumindo-se como um periódico “simples”, “despretensioso” e “humilde”, que tudo prometia fazer pelo bem de Coimbra e região.
O aparecimento do novo jornal assumiu-se como um marco importante para a cidade e para a imprensa regional, numa altura em que eram ainda muito poucos os títulos existentes. Surgiu com a determinação de empenhar “o melhor dos seus esforços” na luta e defesa pelo desenvolvimento da região, trazendo para as suas páginas, ao longo destes mais de cem anos, os anseios de tantos e tantos colaboradores que, de forma incansável e determinada, aqui apresentaram e lutaram por aquilo que consideravam importante para esta “encantadora Coimbra, a velhinha, mas formosa, princeza do Mondego, tão decantada pelos poetas e que tão amada devia ser pelas gerações que aqui teem engrandecido o seu espirito e para quem ela tantos carinhos e sorrisos teve”.
Era desta forma que se resumiam os propósitos de “O Despertar”, num momento em que era ainda incerta a forma como seria acolhido este novo projeto editorial mas na certeza de que, apesar das dificuldades, não se baixariam os braços. “Qual será, porém, o acolhimento que espera ‘O Despertar’? O futuro o dirá; se sucumbirmos, procuraremos morrer com honra, se podermos caminhar é nosso intuito seguir sempre a aspera estrada do dever”, lê-se na primeira edição, onde se garante também que “confiantes no futuro, ávante iremos”.
E cá estamos nós, 102 anos depois desta primeira edição ter dado à estampa. “O Despertar” nasceu na Baixa de Coimbra, com as suas oficinas a funcionarem na Rua Pedro Rocha, perto do Pátio da Inquisição, até inícios de 2015. Desde então funciona na Rua Adriano Lucas, na Estrada de Eiras, n.º 116, Fração D. Ultrapassado o marco importante do primeiro centenário, olhamos para o passado com orgulho e honra, certos de que este longo percurso nem sempre foi fácil, acompanhando cada época com determinação e sempre com os olhos postos no futuro.
A história deste “velhinho” mas rejuvenescido jornal continua a ser escrita a cada dia, com a mesma confiança, determinação, entrega e perseverança de tantos e tantos homens bons que, ao longo destes mais de 100 anos, se dedicaram a este projeto e o trouxeram até nós. O seu “espírito de cruzada”, que tantas vezes foi referido nestas páginas, passou de geração em geração, unindo todos aqueles que se dedicaram a esta causa.
Apesar de ser praticamente impossível enumerar todos aqueles que fazem parte desta longa história, há alguns nomes que não podem ser esquecidos. Uma palavra especial, em primeiro lugar, para o seu fundador e proprietário, João Henriques, que, em conjunto com um grupo de amigos, fez nascer “O Despertar”. Uma referência também para José Pires de Matos Miguens, o seu primeiro diretor, e para Ezequiel Correia, colaborador de muitos anos que o “batizou”, escolhendo um nome que pretendia “agitar”, “despertar”, “manter com vida” a cidade e todos aqueles que aqui faziam as suas vidas.
Após a morte de João Henriques, sucedeu-lhe o filho, Mário Henriques, que acabaria também por falecer poucos anos depois. Quando se temiam anos difíceis, António de Sousa surge como “o salvador”, assumindo este projeto que acabou por se manter na família até inícios de 2008. Os filhos, António, Armando, Artur e Lúcia, deram-lhe sequência, com o jornal a envolver toda a família, incluindo o neto, Fausto Correia, que era seu diretor por ocasião da sua morte, a 9 de outubro de 2007, em Bruxelas. O grande sonho que tinha de celebrar o centenário do jornal foi-lhe “roubado” pelas imprevisibilidades da vida mas houve quem o mantivesse vivo e lhe desse sequência, mostrando que a amizade é um compromisso que vai para além da vida. O jornalista Lino Vinhal assumiu o projeto em 2008 e foi com grande emoção e alegria que toda a vasta “família” de “O Despertar” comemorou, a 2 de março de 2017, os seus primeiros 100 anos de vida ininterrupta.
E sobre o centenário já mais dois anos passaram e cá continuamos cheios de garra para continuar a escrever todos os dias a história deste jornal. Neste momento de celebração, uma palavra especial para todos os colaboradores que nos acompanham neste percurso, muitos deles há muitas décadas, como é o caso de Manuel Bontempo, presença assídua em cada edição há já 67 anos.
Um agradecimento sentido também a todos os nossos Assinantes, havendo alguns que nos recebem nas suas casas há mais de 70 anos, mas também a todos os nossos Leitores, Anunciantes e Amigos. Brindemos a estes 102 anos e que celebremos muitos mais, sempre juntos…