O jornal O Despertar faz esta semana 103 anos de uma vida longa ao serviço do povo de Coimbra. Os seus fundadores quiseram lançar um projeto inovador. Alcançaram-no, marcando a diferença no jornalismo regional da altura, utilizando os problemas demográficos que a imigração colocou em seu benefício e conseguindo juntar O Despertar em torno de um projeto jornalístico. Em termos políticos o J.D. foi também uma pedrada no charco numa época muito cinzenta. Não esquecendo a sua matriz inicial, conseguiu nunca fechar as suas páginas a colunistas que outros jornais, por receio da censura, faziam. Obviamente que nem tudo foram rosas, mas quem dirigiu o J.D nesses tempos, soube sempre retirar os espinhos com mestria.
Mas o que será o Jornal Despertar nas próximas décadas?
O jornalismo e os jornais estão em mudança constante há pelo menos duas décadas. As novas tecnologias da informação e a evolução dos média visuais têm colocado uma enorme pressão na gestão diária dos jornais, quaisquer que eles sejam. Em Portugal, como no resto do mundo, temos assistido a mudanças enormes de jornais outrora fortes. O último exemplo foi o Diário de Notícias. Tem havido experiências novas como o Observador ou a aposta em jornais temáticos e ultra especializados.
Muitas destas novas experiências ainda não têm tempo de vida suficiente para sabermos da sua sustentabilidade e outras falharam estrondosamente ou aguentam-se estranhamente. E os jornais ditos regionais?
Estes não passam ao lado das novas regras de mercado que nos dão, sobretudo, quebra de assinantes. Os mais novos têm mais facilidade a ler tudo nos smartphones e a perder o encanto do papel. Por outro lado, as peças mais elaboradas de texto são mais difíceis de ler pelos mais jovens.
A diáspora, que ainda é um pilar fundamental dos jornais regionais, começa a desinteressar-se e tende a diminuir lendo e consumindo da nuvem mediática ou das redes sociais as “suas” notícias muitas vezes falsas. Que fazer?
O jornal O Despertar tem sempre inovando. Há mais de uma década passou a ser mais atrativo com a publicação integral a cores, mudanças de grafismo, eventos de dinamização cultural e regional. O Despertar foi pioneiro na internet e já remodelou o seu site várias vezes. Mas será que é suficiente para inverter a tendência mundial de preponderância das redes sociais como promotores da informação que o consumidor deseja?
O Jornal O Despertar trata-se de um jornal que venceu algumas dificuldades mas é, hoje, um marco histórico na informação regional e não só.
O grande desafio é para os assinantes do papel para o digital, uma vez que qualquer dia teremos “papel” digital com capacidade para suportar conteúdos diversos.
Parabéns a todo quantos fazem com que o Jornal O Despertar continue a crescer também e nas preferências dos leitores.