Alguns especialistas do mundo do futebol afirmam que o campeão nacional é sempre justo. Querem eles dizer que feitas todas as contas, entre prejuízos e benefícios da arbitragem, jogos bem e mal conseguidos, acaba por se tornar campeã a melhor das equipas em prova, pela regularidade e consistência evidenciadas.
Este ano não concordo em absoluto com esta teoria. Recorde-se que o SLB apenas emergiu como candidato real após a chegada do treinador Bruno Lage, a meio da época, a quem se devem largos méritos na recuperação da equipa, recuperando sete pontos e conseguindo potenciar os abastados recursos disponíveis, superiores a FCP ou SCP.
Acrescente-se, também, que o renascimento do clube e reposicionamento da equipa rumo à reconquista, coincide com o desfecho, a meu ver infeliz, do caso dos emails e da novela Rui Pinto. Um momento fundamental, que libertou o clube da malha da justiça e o (re) credibilizou, permitindo focar as atenções na arbitragem – elo mais fraco do nosso futebol e eterno fiel de uma balança desequilibrada.
Na luta que travou ombro a ombro com o principal rival durante o terço final do campeonato o Benfica venceu com toda a justiça: mais equipa, mais soluções, mais força física e mental. Nesta disputa destaco os jogos que ambas as equipas fizeram no campo do Rio Ave, onde as dúvidas remanescentes se desfizeram.
Vila do Conde foi, na verdade, e em dois momentos distintos, a chave do título 2018-19: ali emergiu não só a fraqueza mental e estrutural do FCP, mas também a certeza de que o SLB recuperara o controlo da arbitragem.
Não obstante as sombras que pairam há muito sobre a luz do nosso futebol, parabéns aos benfiquistas não radicais, serenos e respeitadores de outras cores clubísticas.