Antes de entrar na matéria de facto deste artigo de opinião, deixo o registo da minha filiação ideológica: sou patriota e tenho orgulho na história da nação a que pertenço, desconfio da Europa a várias velocidades e sem respeito pelos regionalismos, receio os efeitos sociais e culturais duma globalização imposta a todo o custo e norteada pelos interesses económicos ultraliberais. Por outro lado, não me considero nacionalista na aceção totalitária da expressão, nem sinto simpatia pelos movimentos de extrema direita.
Feita a declaração de interesses, entremos na matéria de facto: a permanente insistência de alguns setores académicos na imposição de um discurso histórico que pretende obter um duplo efeito – menorizar os feitos nacionais, por um lado, e assinalar as perseguições às minorias étnicas, por outro.
Na semana passada o investigador José Pereira Bastos afirmou que Portugal tem de pedir desculpa aos ciganos, assinalando que desde 1500 nenhum governo monárquico ou republicano «fez nada até hoje» pela comunidade. Trata-se de uma linha de pensamento histórico que encontra vários seguidores para além do estrito universo universitário: recordem-se, por exemplo, as polémicas recentes, discutidas amplamente na praça pública, a propósito do museu das descobertas ou da perseguição aos judeus sefarditas.
Não sejamos ingénuos. O discurso encapota uma realidade sub-reptícia, de alinhamento com os tempos pós-colonialistas que vivemos, onde se tenta a todo o custo captar meios humanos e materiais, capazes de sustentarem uma máquina universitária cada vez mais orientada pelo facilitismo Sul-Americano e menos pelo formalismo Europeu.
Peçamos então desculpa pelo que fizemos e não fizemos. Que se lixe a História, a Memória, a Herança Nacional ou o Legado dos nossos antepassados. Em nome do capital e do poder que a nação se venda a retalho. Rápido e em força!