Na nossa cidade acontecem coisas estranhas com muita frequência, ferindo os manuais de boas práticas e costumes, com entrada direta para o anedotário de referência. Atente-se na situação que reporto a seguir, verídica e reportada na imprensa descomprometida e tão livre quanto o espírito de Abril.
No passado dia 12, no âmbito da conferência de imprensa de apresentação da Crise Académica de 69, realizada no Convento de S. Francisco, estando a mesa constituída pelo presidente da Câmara Municipal de Coimbra, presidente da Associação Académica de Coimbra e o novo reitor, não foi dada a palavra ao representante em Coimbra da Fundação Inatel, embora a instituição patrocine a efeméride.
Este momento tem evidentes semelhanças com aquele que Alberto Martins experienciou há 50 anos, e que a História consagrou como clímax da contestação académica ao Estado Novo: na inauguração do edifício das Matemáticas, e na presença de membros do governo, pediu a palavra em nome dos estudantes mas esta foi-lhe negada.
Este incidente ou acidente sem compaixão para o visado, fere de morte os valores que a efeméride pretende assinalar, designadamente, a liberdade de expressão, e é revelador do deficit democrático instalado em certos meandros do poder local.
Como afirmou Alberto Martins em entrevista ao Público «só quem compreende o passado pode sonhar e construir o futuro». Haja Paixão (e paciência) para aqueles que teimam em não perceber a beleza das coisas simples.