Sou um tímido simpatizante da AAC-OAF e um desiludido adepto do União de Coimbra, que cresceu no seio de uma família dividida em termos de clubes da cidade e região – facto que justifica a minha posição de alguma reserva clubística, mas que não impediu de acompanhar ambos os clubes em diferentes fases da minha vida.
Recordo-me, perfeitamente, do dia em que a AAC captou a minha atenção para sempre, momento a partir do qual passei a acompanhar a sua evolução. Na escola secundária Jaime Cortesão, no fundo de uma sala onde decorria uma monótona aula de português, um bando de pardalitos escutava, num rádio a pilhas e phones partilhados, o jogo entre o SCP e a AAC, época de 1984-85, cujo desfecho foi um impressionante 4-4.
Sou, pois, um adepto que se filia nesses tempos, em que Braga da Cruz e meu primo António Alberto relatavam na RDP os jogos da Briosa. As minhas referências não são as glórias dos anos 60 ou 70, mas sim a geração de jogadores onde se destacaram os irmãos Xavier, Rocha, Mickey, Latapy, Lewis ou Pedro Roma. E tenho, ao nível da gestão e visão de futuro, uma admiração especial pelo que fizeram em prol do clube Jorge Anjinho e Campos Coroa.
A nossa AAC foi a votos, reelegendo o presidente e injetando sangue novo nos corpos sociais. Apresentou um programa voltado para o futuro, identificando investidores e apontando a um novo modelo de gestão. Medidas inevitáveis nos tempos que correm, em que organização, competência, financiamento e profissionalismo, são vetores fundamentais de qualquer clube que deseja competir ao mais alto nível.
É um novo tempo que se desenha! O velho espírito académico, anárquico e revolucionário, com alguma carolice à mistura, a mescla de estudantes e jogadores, a bandeira universitária acima de todas as outras, a manutenção de uma SDUQ ou a dependência financeira de âmbito local/regional, são antigas realidades que terão de ceder ou adaptar-se à filosofia competitiva, orgânica e institucional, dos tempos em que vivemos.
Voltar atrás ou manter o status quo é não acreditar no futuro e tanto há para fazer: um plantel para construir, uma equipa técnica a definir, uma cidade para conquistar, uma região para alavancar e…uma subida ao primeiro escalão, degrau iniciático de um longo caminho que se deseja repleto de êxitos.