A beira da estrada acompanha-nos durante as viagens, sejam elas a pé, de bicicleta, de moto, carro ou camioneta. É um espaço rico de vivências, umas vezes de domínio público outras do privado.
Na beira da estrada, onde a vegetação alterna com o casario, multiplicam-se as paragens, sucedem-se os sinais de trânsito, proliferam os vendedores ambulantes, ganham a vida mulheres de má fama e pedem boleia resistentes aventureiros.
A beira da estrada nem sempre está cuidada, não só porque continuam a abundar os porcos feios e maus, mas também por omissão de quem tem obrigação de manter os espaços públicos; a administração central e local.
É uma desolação verificar como as nossas beiras da estrada se apresentam quase sempre como um depósito de lixo coletivo: sacos de plástico, latas de sardinha, papelada diversa, descartáveis, restos de comida, vidros, fragmentos de automóveis, cerâmicas partidas, materiais de construção, preservativos, fraldas e até seringas.
Como não há limite para poluir, a beira da estrada apresenta-se como o espaço ideal e sempre à mão, para prescindir do que não faz falta. Mesmo que os caixotes do lixo abundem em quase todas as povoações, muitos portugueses, e alguns estrangeiros também… continuam a fazer da rua, designadamente, da beira da estrada, o «água vai» para onde escorre a sua deformação, limitação e pequenez.
Crianças, jovens, adultos e idosos, tudo polui minha gente, sem apelo, agravo ou remorso. Uma ousadia e excesso que pune o planeta e nos condena como seus principais agentes. Até quando? Até ao dia em que cortarem o braço a um prevaricador ou, em alternativa, aplicarem leis severas para os incumpridores – coisa rara neste país, diga-se, em abono da verdade.