Do sagrado ao profano, a popularidade de Santo António vai desde os altares às ruas, desde as marchas aos responsos e ladainhas, desde as cravetas aos manjericos. Talvez seja em todo o país, o santo mais figurado nos painéis de azulejos e aquele que mais se observa por esses nichos e alminhas erguidas por vezes nos sítios mais ermos. Santo das coisas perdidas, do gado e da lavoura, dos noivos e dos namorados, enfim, Santo dos portugueses.
Desde cedo que o seu nome se ergue bem aceso na cultura e crença do povo português. Mais do que santidade é o mais popular. Assim se caracteriza Santo António de Lisboa, de Pádua, de Coimbra. Nascido à beira Tejo haveria a vida de o destinar à cidade do Mondego, albergando-se sobe a filosofia e a intelectualidade do Mosteiro de Santa Cruz. É neste local que se escreve uma parte da vida deste Franciscano que acabaria por subir ao monte dos Olivais, que em sua honra tomou o seu nome. Estes dois lugares revelam parte da vida deste Homem que pregou aos peixes e que dava todo o pão aos pobres. Se o povo ali vai em romaria ao Divino Espírito Santo, com o mesmo fervor vai em romagem pelo padroeiro daquele nobre lugar, esculpido numa das penedias da cidade. Falar de António cónego, de António pregador, de António o Santo mais querido de Portugal resultaria em mais do que meia dúzia de parágrafos.
Não há lugarejo neste país que não tenha na sua ermida ou igreja a imagem de Santo António. Não há aldeia que não o festeje ou não o lembre. Até ao final do mês de junho, por estas terras da Beira o som do gaiteiro jamais se cala até ao São Pedro, as bandas tocam e tudo marcha, o sino toca e tudo reza, eis a popularidade dos santos deste sexto mês. Mas se Santo António é casamenteiro, São João é o mais festeiro, convidando às fogueiras em Coimbra ou aos seus maiores arraiais na região do Porto e de Braga. Caro leitor, lembrai-vos de Santo António, quem o esquece ou não o conhece, não será bom português…
“Santo António de Coimbra,
Bom monge de Santa Cruz,
Que subiste aos olivais,
No monte das oliveiras,
Sagrado lugar em mágoa,
ainda choram tua partida,
Para as longes Terras de Pádua.
Em Lisboa António nascestes,
Em Coimbra te formaste,
Em Pádua por lá morreste,
Em Portugal te eternizaste.”