Veio a público, recentemente, que o presidente do conselho de administração da EDP António Mexia aufere, diariamente, o salário de cerca de sete mil euros. Exerce estas funções há cerca de doze anos. E mais se acrescenta que o mesmo presidente considera que é baixa a sua remuneração. Li e reli a notícia já que, à primeira vista, pensei estar em presença de uma ilusão de ótica.
A EDP, como é do conhecimento geral, é uma empresa com lucros substanciais conseguidos, como é óbvio, graças ao preço exorbitante que pagam milhares e milhares de portugueses pelo consumo da eletricidade.
Como pode ser entendido, pelo cidadão comum, uma situação desta natureza? Como pode quem governa este país permitir situações desta natureza?
São, dizem-me, empresas privadas onde o Estado não tem intervenção direta. Mas são empresas implantadas em Portugal, a esmifrarem o dinheiro do povo português enchendo os seus cofres a sugar uma população a viver com enormes dificuldades de vária ordem e onde a eletricidade representa um fator importante para o seu dia a dia. Não se trata de um luxo mas sim de um meio indispensável para sobreviver.
Não há governo que encontre meio de acabar com situações desta natureza? Assim, na situação presente, permite-se que sejam atribuídos proventos diários dez vezes superiores ao ordenado mínimo mensal para muitos milhares de portugueses. Que pouca vergonha!
Outra notícia que tem agitado os portugueses é o escândalo que se passa a nível económico com a CGD com o beneplácito, segundo se diz, do Banco de Portugal. Permitiram-se negócios ruinosos que acabam por ser suportados pelos modestos utentes da CGD a quem são impostas taxas pelo facto de lá terem aquilo que foram guardando com algum sacrifício.
Mas mais se sabe que o Novo Banco, criado segundo parece para resolver os gravíssimos problemas deixados pelo malfadado BES começa logo por apresentar prejuízos de elevada monta, que o governo irá cobrir. E entre os devedores do Novo Banco aí temos a Ongoing , o Grupo Moniz da Mata e o grupo Joe Berardo que ocasionaram uma perda de mil e quinhentos milhões de euros.
Mas que país é este? Mas não há quem ponha cobro a esta podridão?
Fico-me pelas interrogações, desiludido com tudo o que leio e vejo. Convencido de que o meu país entrou numa fase em que, como dizia o meu saudoso e querido irmão Horácio, “Cada vez é mais caro ser honesto”.
Que felizmente ainda há quem o seja.