O estado calamitoso em que se encontram as laranjeiras situadas entre a rotunda da Avenida Fernão de Magalhães e a praça da Cindazunda é inacreditável e reflete o estado de abandono a que têm sido votadas, onde uma praga de ferrujão e cochenilha invadiram os troncos, as ramadas, as folhas e os frutos sem que alguém responsável olhasse para o seu estado endémico e atempadamente as tratasse. E é pena, porque em boa hora aquelas laranjeiras bravas que ali foram plantadas, passaram a invadir o ar de um inconfundível aroma quando em flor e, mais tarde, por altura da maturação, a encherem aquele espaço do belo e colorido dos seus frutos.
Não dando para comer, como aquelas outras que frequentemente nos chegam à mesa, elas são no entanto usadas desde longa data na doçaria, acontecendo ainda, que impende sobre elas aquela lenda de Coimbra, que conta que um dia a Rainha Santa pediu a uma mulher uma laranja do seu quintal, mas esta, porque só tinha laranjas azedas, não pode, com grande mágoa, corresponder ao pedido. E deu-se o milagre: os frutos ficaram doces a partir do olhar da Senhora, que então satisfez tal desejo, perante o ar atónito da mulher. E foi a partir daí, que toda a gente passou a falar na laranjeira de Santa Isabel, e a identificar aquelas com o dito milagre!