Coimbra e a “sua” Baixa despedem-se de Carlos Manuel Dias, conhecido pelo nome da sua loja – “Velhustro”. As cerimónias fúnebres começaram às 15h00, no Centro Funerário Nossa Senhora de Lurdes, seguindo o corpo do extinto para o Complexo Funerário Municipal de Coimbra (Taveiro).
Bem conhecido na cidade, Carlos Manuel Dias fundou a “Feira dos Trastes” em 1991, com o apoio da Escola de Silva Gaio e o Departamento da Cultura da Câmara de Coimbra, evento que acabou por inspirar a atual Feira das Velharias, que no ano passado foi transferida para o renovado Terreiro da Erva.
A paixão pelas velharias começou cedo. Ainda era funcionário de produção do serviço externo da antiga Emissora Nacional, do serviço de fiscalização de rádio e televisão, quando, nos primeiros dias de junho de 1971, abriu a sua loja no Largo do Romal, um espaço onde, como contava a “O Despertar”, numa reportagem publicada em novembro de 2011, “cada peça conta uma história”. Na altura, recordava que foi este “diálogo silencioso” que estabelecia com as peças que admirava que o levaram a abrir o “Velhustro”, uma casa onde começou a reunir as mais diversas velharias, peças que iam resistindo à idade e que continuavam a contar histórias de outros tempos.
Admitia que sempre se sentiu atraído pelas velharias, sentia “as peças” e defendia que estas lhe “diziam algo”. “Quase que estabeleço um diálogo com cada uma das que aqui tenho”, explicava. E eram muitas…
Tinha então perto de 88 anos e não tinha medo de dizer que era esse dinamismo que o mantinha ativo e com uma “mente tão sã”. Dizia também não temer “os dias nem a morte”. “A mente é a coisa mais bela e maravilhosa que temos”, portanto é preciso dar-lhe “alimento”, defendia, afirmando que no “Velhustro” encontrava esse “alimento”.
Carlos Manuel Dias partiu agora, aos 95 anos.