Miranda do Corvo está a promover, até 5 de maio, a sua tradicional “Quinzena da Chanfana”, evento gastronómico que decorre em 18 restaurantes do concelho e que dá especial destaque a um dos pratos mais típicos da gastronomia desta região, que foi considerado em 2018 uma das “7 Maravilhas da Gastronomia Portuguesa”.
A Cancela, A Parreirinha, Estação de Sabores, Museu da Chanfana, Barbosa dos Leitões, O Carpinteiro, O Espanhol, O Ferrador, O Paris, O Pedroso, Pentágono, Retiro do Mendes, Rufino dos Leitões, S. Miguel, A Nova Teia, O Careca, Pátio do Xisto e Zé Padeiro são os restaurantes que participam, desde sábado, na “Quinzena da Chanfana” e que, para além deste prato tradicional, apresentam também outras iguarias tradicionais, associadas a esta especialidade, como a sopa de casamento e os negalhos.
Durante este evento, o Município pretende atrair muitos visitantes ao concelho. Assim, a par com a gastronomia, dinamiza também outras atividades, que convidam a conhecer melhor o território. Destaque para a realização, no sábado, às 10h00, de mais um Capítulo da Real Confraria da Cabra Velha, organizado por esta Confraria, e do 11.º Encontro Ibérico de Coros, no Mosteiro de Santa Maria de Semide, às 21h30.
No domingo, a partir das 14h00, vai ser transmitido em direto da Praça José Falcão o programa da TVI, “Somos Portugal”, e realiza-se o 3.º Encontro Rota da Chanfana com Bicicletas Antigas. No dia 1 de maio decorre a Clássica Aldeias de Xisto de Classe 1.2, que passará pelo Gondramaz; e no dia 4 o 11.º Torneio de Cadetes Rota da Chanfana, nas Piscinas Municipais de Miranda do Corvo. Para 5 de maio, às 9h00, está marcado um Passeio Equestre com partida do Mercado de Semide e, às 16h00, realiza-se a Garraiada, também no Mercado.
A chanfana inspira assim um programa que vai animar o Município durante vários dias. A autarquia recorda que, segundo a lenda, a chanfana terá surgido no Mosteiro de Semide, numa altura em que as cabras faziam parte do pagamento do foro que, até finais do século XIX, todos os agricultores e rendeiros eram obrigados a fazerem ao Mosteiro. Como as freiras não tinham disponibilidade nem meios para manter tão grande rebanho, terão descoberto uma fórmula para cozinhar e conservar a respetiva carne, aproveitando o vinho que lhes era também entregue pelos rendeiros, o louro que tinham na sua quinta, bem como os alhos e demais ingredientes.
Existem, contudo, outros registos que atribuem a origem deste famoso prato à época da terceira invasão francesa, quando as tropas andaram pela região. Como, na altura, a população envenenava as águas para matar os franceses, terá recorrido ao vinho da região para confecionar a carne.
A autarquia lembra que a chanfana é um dos pratos “únicos no país que consegue ser produzido, na sua totalidade, com os produtos endógenos de um só concelho”. É confecionada com carne de cabra velha, depois do seu ciclo normal de vida, temperada com sal, cabeças de alho inteiras, colorau, pimenta, louro e coberta com vinho tinto. Vai assar em caçoilos de barro, em fornos de lenha, onde se mantém durante várias horas.