“A prevalência da miopia está a aumentar globalmente a um ritmo alarmante, com o aumento significativo dos riscos para a deficiência visual causada pelas condições patológicas associadas com a miopia elevada, incluindo patologias da retina, catarata e glaucoma”, alerta Raul Sousa, presidente da Associação de Profissionais Licenciados de Optometria (APLO).
Num artigo divulgado, o especialista dá conta do relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS) – Instituto de Visão “Brien Holden” que contabilizou, em 2010, “quase dois mil milhões de pessoas que sofriam de miopia (27 por cento da população mundial), sendo que 2,8 por cento sofre de miopia elevada”. Sensibiliza também para o facto de se prever que, em 2050, possa registar-se “um aumento para quase cinco mil milhões de míopes, representando 52 por cento da população mundial, dos quais cerca de mil milhões serão altos míopes, ou seja, 10 por cento da população mundial”.
“É relevante que o erro refrativo seja apontado, tanto no mundo como em Portugal como a causa principal de deficiência visual, e a miopia não corrigida como a causa mais frequente de deficiência visual, quando avaliada pela acuidade visual de apresentação. Sabemos que a não correção ou correção inadequada contribui para o aumento do valor da miopia em crianças e adolescentes”, refere, dando conta que a OMS também aponta que “a redução do ritmo de progressão da miopia em 50 por cento pode reduzir a prevalência da miopia elevada em 90 pontos percentuais”.
Raul Sousa explica também que “a correção da miopia nas crianças elimina o maior obstáculo evitável à aprendizagem e desenvolvimento individual, com benefícios gigantescos para a sociedade”, uma vez que o impacto da saúde visual estende-se para lá da prevalência da deficiência visual e cegueira, sendo “um catalisador de progresso” que está interligado com “o emprego e crescimento, igualdade de género e oportunidades, educação, segurança rodoviária e saúde física e bem estar mental individual”.
Considera, por isso, que é “absolutamente prioritário e essencial” assegurar o acesso aos cuidados primários para a saúde da visão na comunidade e de proximidade.
O especialista explica que a miopia se caracteriza por uma visão desfocada dos objetos situados ao longe e visão mais nítida dos objetos próximos. Este processo ocorre devido ao aumento do globo ocular em relação à sua normal morfologia ou ao aumento da curvatura na córnea, o que leva a que as imagens dos objetos situados a mais de cinco metros fiquem desfocadas, uma vez que o foco é feito antes da retina.
Esta condição surge normalmente na infância e na adolescência e tende a progredir com o passar dos anos até estabilizar por volta dos 20 anos, sendo que a deteção e a compensação atempadas ajudam a estabilizar a evolução do problema. Convém, por isso, estar atento aos principais sintomas, como dores de cabeça, cansaço associado ao esforço ocular, fechar um pouco os olhos para ver melhor, pestanejo regular, aproximar-se para assistir televisão, entre outros. Nestes casos, devem procurar ajuda médica.