E se pudesse, em Coimbra, comprar roupa em segunda mão, dar-lhe uma nova oportunidade e simultaneamente contribuir para um planeta mais saudável? Seja bem-vindo ao Mercado de Trocas! Uma iniciativa que incentiva à libertação de peças que já não usamos, trocando por aquilo que precisamos. Além disso, promove também uma economia circular e mais sustentável, bem como a reutilização de artigos que já existem no planeta, evitando que sejam gastos mais recursos naturais para a produção de novos produtos.
Em Coimbra, a ideia do Mercado de Trocas, um projeto que já se propaga por vários pontos do país, chegou à cidade conimbricense há um ano pelas mãos de Marta Lopes, da loja Green2you.
“Abraço iniciativas que realmente acredito e a Marta Chã, que iniciou o projeto no Algarve, convidou-me e na altura recusei, mas depois aceitei a proposta de colocar o mercado a funcionar em Coimbra”, contou ao “Despertar”.
Trata-se, assim, de um evento que serve para “reutilizar da melhor forma possível a troca de peças de roupa, pois a indústria têxtil é das mais poluentes”. “E a ideia começou por aí, de tentar minimizar os estragos no planeta”, explica Marta Lopes, uma das promotoras desta iniciativa.
Neste mundo das trocas, a ideia é muito simples: “libertar o que não se usa e adquirir o que se precisa de uma forma económica e sustentável”. “O intuito é as pessoas irem ao mercado e perceberem que trocar é uma excelente forma de adquirir artigos”, salientou.
Mas como funciona?
O Mercado de Trocas realiza-se em Coimbra todos os terceiros sábados do mês, estando o próximo agendado para 24 de setembro, entre as 15h00 e as 18h00, na Casa das Artes Bissaya Barreto. Ali, pode trocar roupa, calçado, acessórios, brinquedos, artigos para o lar e até livros, trocando o que já não utiliza por algo que lhe falte desde a cozinha ao seu guarda-fatos.
“O objetivo é promover a reutilização do que já existe para evitar a destruição de mais recursos naturais”, acrescentou Marta Lopes.
À entrada do mercado, cada pessoa deve dirigir-se à chamada mesa de “check – in”, “em que a nossa fantástica equipa de voluntários vai verificar se as peças estão em condições”. No máximo, pode levar até 10 artigos, sendo que por cada um deles é entregue uma senha para poder trocar pelo mesmo número de peças.
“No momento do ‘check – in’ cada pessoa dá um donativo que reverte para a associação organizadora, os Mercados de Trocas de Portugal”, esclareceu.
Depois, é o momento de explorar o mercado e escolher aquilo que quiser. Quando terminar, dirige-se à mesa de “check out”, onde vão ser contabilizadas as peças que levar e descontadas no seu “saldo”. E caso não troque a totalidade das peças que leva? Não se preocupe, pois é entregue uma outra senha com o número de artigos em falta que pode ser utilizada em qualquer um dos mercados de trocas existentes no país.
“É necessário que tudo o que se entrega esteja em boas condições, caso contrário não podemos aceitar, como roupa com buracos, borbotos, falta de botões e afins. É muito importante cultivar a qualidade da roupa em segunda mão que disponibilizamos, de forma que se possa dar um novo uso às peças”, reforçou Marta Lopes.
Segundo esta parceira do projeto, em Coimbra, “a adesão tem sido muito boa”. “Cada vez mais precisamos de voluntários, pois até já tivemos de cancelar um dos mercados, porque não tínhamos pessoas suficientes para ajudar”, frisou.
Uma vida a granel
Além de ter abraçado o Mercado de Trocas, a conimbricense Marta Lopes, de 39 anos, abriu há três anos a primeira eco-mercearia em Coimbra, a Green2you. O espaço, situado na rua dos Combatentes da Grande Guerra, começou por disponibilizar detergentes a granel e ecológico. O conceito era simples, reduzir as embalagens de plástico que todos os meses vinham do supermercado, incentivando à reutilização dessas embalagens.
Foi assim que, em 2019, Marta Lopes abriu a mercearia “mais verde” da cidade. O que inicialmente era apenas a venda de detergentes, passou também a cosmética, produtos de higiene pessoal, acessórios “zero waste” e, mais recentemente, também alimentação a granel. Desde chás a eco-cinzeiros, vernizes vegan, fraldas, copos, e até rolos de cozinha reutilizáveis de algodão superabsorvente. “Tudo o que se vê nas prateleiras de madeira da Green2You é perfeito para quem queira começar a reduzir a sua pegada e levar uma vida mais amiga do ambiente”, reforçou Marta Lopes.
Seja na loja online ou na física “expedimos, sempre que possível, os artigos em embalagens reutilizadas, inclusive na nossa mercearia apelamos a que levem as próprias embalagens e todos os meses contabilizamos as que foram reutilizadas, dando a conhecer os números reais da nossa missão”. “Acreditamos que juntos somos mais forte e, por isso, a Green2you representa e faz a distribuição de algumas marcas nacionais, como a Greendet, BioVó, Musa Cosmetics, Giras ao Sol, entre tantas outras”, adiantou.
A paixão pelo “mundo verde”
Esta procura por produtos mais verdes e sustentáveis surgiu na vida de Marta Lopes após ter detetado um problema capilar. Algo que nasceu por uma necessidade e que acabou por se tornar a sua paixão. “Esta situação obrigou-me a procurar soluções mais naturais e foi aí que descobri um novo mundo, onde iniciei o caminho imperfeito para uma vida mais sustentável”, revelou a empreendedora, frisando que, hoje, a sua missão “é dar a conhecer às pessoas as descobertas diárias de produtos mais naturais, mas eficazes”.
Vários são os projetos em que Marta Lopes se envolve. Se respira sustentabilidade, ela marca presença. Em 2021, por exemplo, lançou a marca de cuecas menstruais “Giras ao Sol” feitas em Portugal e localmente, com malhas certificadas, com intuito de todas as pessoas que menstruam poderem usar produtos reutilizáveis. Ou a adesão na sua loja à recolha de escovas de dentes de plástico que são entregues à empresa Jordan para a construção de pranchas para a prática de surf adaptado.
A Green2you está de portas abertas de segundo a sexta-feira das 10h00 às 13h00 e das 14h00 às 19h00. Ao sábado encerra um pouco mais cedo, às 13h00, mas também tem disponível a loja online.