Por Mário Frota
A expressão evoca o dever primário de uma qualquer comunidade: que em seu seio não haja um pobre sequer!
Que se a comunidade, no seu esteio e nas redes de que se tece, se congraçar, acudirá a quantos careçam do elementar para que tal condição se esvaneça.
“Os que podem aos que precisam”, proclama-se noutros quadrantes! Como que a complementar propósitos.
Nem sempre com a expressão com que o apelo ecoa por entre os ensurdecidos ouvidos da turba.
“Promover a dignidade da vida humana, colmatando situações de carência e concorrendo para o bem-estar dos mais desprotegidos”, eis o escopo da Casa dos Pobres de Coimbra, em admirável síntese que é expressão dos sentimentos que os seus mentores (e os que se lhes seguiram) albergam.
Num mundo tecido de acendrados egoísmos, é cada vez mais instante perscrutar os sinais da comunidade envolvente, detetar sinais de hipossuficiência e hipervulnerabilidade, suprir necessidades, reparar as injustiças sociais que se vão espargindo como nódoa social insusceptível de se dissolver num qualquer detergente de largo espectro…
Quantos, para além do papel social que lhes cumpre, mergulham nessa face mais sombria do quotidiano, na vida dos que não têm vida, num esboroamento dos valores da dignidade e da condição de ser humano, que importa incutir em todos os planos, a níveis os mais distintos, devem merecer não só o reconhecimento dos mais, mas o seu enlaçamento para que a magna tarefa a que uns tantos se consagram se partilhe e se reduza, na intransponível dimensão que assume.
“Pobres sempre tereis”!
Se cada uma das comunidades, em conjunção de energias e em esforço congruente, em explosão de sentimentos, se der as mãos, o fenómeno atenuar-se-á, decrescerá e, sem utopias, libertar-se-á da carga sumamente negativa que se lhe associa, de cegueira social, de opróbrio, de injustiça em que cada um e todos cooperam na proporção dos seus teres e no ostracismo a que votam os mais, os desvalidos, os deserdados da fortuna.
“Pobres sempre tereis”!
E na visibilidade com que a CASA DOS POBRES DE COIMBRA se propuser emprestar-lhe a riqueza que repousa no coração dos que, em solidariedade, convergem para que realize os magnos objetivos a que tende, menos CASA DOS POBRES será na riqueza inexaurível que conseguirá “aforrar”!
Que, em crescendo, a CASA DOS POBRES se transforme, pois, qual mensagem que nesta Noite se exprime, na CASA, na CASA tão só, em que cada um de nós, em Coimbra, deposite a riqueza dos sentimentos em partilha e dos excedentes que eventualmente, em balanço de fim de ano, vier a registar!
Um Bom Ano!
E que a Fé, a Esperança e a Caridade, por acréscimo, façam o mais!