O péssimo funcionamento das várias aplicações informáticas disponibilizadas pelos Serviços Partilhados do Ministério da Saúde (SPMS) está a prejudicar, há anos, o desenvolvimento do trabalho dos profissionais de saúde e a relação entre estes e os seus doentes. A situação é de tal forma grave que está a prejudicar e ameaçar o funcionamento das consultas na região Centro.
Este alerta é feito pela Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos (SRCOM), que considera “inadmissível o atual estado da informatização no Serviço Nacional de Saúde (SNS)” e que dá conta que o número de queixas continua a aumentar.
Em nota divulgada, o SRCOM explica que à lentidão do sistema informático e ao seu frequente mau funcionamento somam-se agora novos procedimentos burocráticos obrigatórios para os médicos que tenham de emitir receitas em papel face à inoperacionalidade do sistema. Isto é, de acordo com uma circular dos SPMS, sempre que não seja possível emitir uma receita por via eletrónica é necessário informar um sistema administrativo de retaguarda para se gerar um número que deverá constar na receita em papel. Segundo o presidente da SRCOM, Carlos Cortes, as consequências desta norma são de tal modo nefastas que deve obrigar a uma intervenção direta do Ministério da Saúde.
“À Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos continuam a chegar denúncias de casos reportando a demora de prescrição eletrónica de meios complementares de diagnóstico de mais de 45 minutos durante a mesma consulta. Mas há mais exemplos: há especialistas a fazer os vários pedidos de exames complementares de diagnóstico em mais de seis tentativas”, refere a nota.
Carlos Cortes considera que “este sistema está a ameaçar as consultas e a prescrição de exames complementares de diagnóstico”. O presidente da SRCOM entende que “os SPMS estão a prejudicar ostensivamente o trabalho médico e os próprios doentes”. “O tempo de consulta e a observação do utente ficam em perigo. Os SPMS estão a prejudicar a relação médico-doente que a Ordem dos Médicos pediu à UNESCO para ser considerada e protegida como Património Cultural Imaterial da Humanidade”, sublinha.
“As aplicações criadas pelos SPMS estão a dificultar o desenvolvimento do Serviço Nacional de Saúde e impede que sejam realizadas, em tempo útil, mais consultas e mais cirurgias. O Ministério da Saúde tem de decidir se quer que os médicos tratem os doentes ou se despendam todo o seu tempo a resolver as inúmeras falhas e procedimentos desadequados devido ao mau funcionamento do sistema informático”, conclui Carlos Cortes.