O Ateneu de Coimbra e a Sociedade Portuguesa de Escritores Artistas Médicos recordam hoje Mário Temido, falecido há já 38 anos. A sessão evocativa decorre, a partir das 21h00, na sede do Ateneu, na Rua do Cabido, e vai recordar o longo e intenso percurso do médico que nasceu em Coimbra a 3 de dezembro de 1914, cidade onde viria também a falecer, a 3 de outubro de 1980, aos 66 anos.
O programa abre com uma intervenção da Direção do Ateneu, presidida por João Duarte Freitas, seguindo-se uma comunicação do associado Manuel Pires da Rocha, que trabalhou com o homenageado na Secção de Teatro do Ateneu. Continua com a intervenção de António Trabulo, presidente da Sociedade Portuguesa de Escritores e Artistas Médicos, e com as palavras do filho, Eduardo Temido, que agradece esta homenagem bem como o facto de, decorridos quase 40 anos, estas entidades ainda se lembrarem do seu pai e do trabalho que desenvolveu.
“Tenho que agradecer este reconhecimento. Passaram-se já 38 anos e é bom ver que alguém ainda se recorda da ação que o meu pai fez em todos os campos”, disse Eduardo Temido a “O Despertar”.
Depois desta intervenção, a cerimónia termina com o descerramento de uma lápide evocativa desta homenagem.
“Mário Temido foi um ilustre cidadão, um abnegado médico e, simultaneamente, um homem de cultura. Como cidadão lutou pela liberdade dos portugueses e combateu pelo exemplo e com denodada coragem e firmeza o regime ditatorial do Estado Novo. Sofreu pelas suas convicções sem nunca dobrar-se a comodismos e suportou com dignidade as perseguições que foi alvo. Um exemplo de cidadania”, recordam o Ateneu de Coimbra e a Sociedade Portuguesa de Escritores Artistas Médicos.
Mário Temido teve uma diversificada e profícua atividade associativa. Integrou os corpos gerentes do Orfeão Académico da Universidade de Coimbra (1935-36), da Associação Académica de Coimbra (1935-36), do Teatro dos Estudantes da Universidade de Coimbra (TEUC), da Tuna Académica da Universidade de Coimbra e do Ateneu de Coimbra.
Mário Temido foi também presença assídua, durante várias décadas, nas páginas de “O Despertar”, onde sempre assinou com o pseudónimo de Jorge Montes Claros e onde continua a ser frequentemente recordado por Manuel Bontempo, que mantém também uma colaboração ininterrupta com este jornal centenário há mais de 65 anos.
Na política, foi presidente da Junta de Freguesia da Sé Nova e, enquanto médico, foi um brilhante estudioso da malária, tendo publicado vários estudos sobre este tema. Distinguiu-se, contudo, no exercício de uma atividade de assistencia médica em meio rural, em Pereira, concelho de Montemor-o-Velho, vila que também o homenageou, postumamente, em 1993, com a colocação de um busto, em bronze, e que mais tarde, em junho de 2009, atribuiu o seu nome a uma biblioteca escolar daquela localidade.
São estes “atributos e as exemplares virtudes” que o Ateneu de Coimbra e a Sociedade Portuguesa de Escritores e Artistas Médicos resolveram exaltar hoje, ao recordarem “um homem pleno e digno no campo da cidadania, da política, do associativismo, do humanismo e da cultura. A homenagem a Mário Temido começa às 21h00 e a sessão tem entrada livre.