É ao terceiro mês do ano que a natureza renasce com chegada do equinócio mais aprazível do calendário, a estação em que são mais garridas as cores, mais melódicos os sons, mais apreciáveis os cheiros, mais sentida a poesia da vida. Qualquer artista entende a inspiração especial desta época em que o renascimento é anunciado pelas coisas mais simples e belas. Eis o mês de março em que desabrocham as flores, em que desperta ainda mais a verdura como sinal de esperança, o mês que viu “Despertar” à 103 anos atrás as primeiras páginas de um icónico jornal Coimbrão. Não se tratam de meras páginas percorridas, hoje bem se pode designar “O Despertar” como parte do “património histórico da imprensa nacional”.
Voz semanal e permanente da cidade de Coimbra e da sua região, saudando-nos com notícias da beira mar e da vila mais escondida no seio de qualquer serra. Conduzido pelo sucesso de mais de um século, ultrapassou pestes, guerras, revoluções, crises, glórias e fracassos, acompanhou a evolução mundial rejuvenescendo-se ao seu ritmo, nunca deixando de ser o meio jornalístico que sempre foi, digno de aplausos e felicitações. Assenta-lhe bem a expressão de “quanto mais velho melhor”, sendo um semanário que não se fica por simples noticiário, traduzindo-se também numa publicação onde a cultura e a arte se revelam nas suas várias vertentes, manifestando-se a partir da escrita e da imagem como fonte de todo o seu material espelhado em papel de jornal. Os seus mais variados artigos, desde reportagem, opinião ou crónica levam-nos ao debate e à reflexão de um modo sempre curioso a cada semana, aliando-lhe ainda a poesia e o humor que fazem também parte do seu fecho.
Já lá vai mais de um cento de anos que “O Despertar” mantém a sua audaz singularidade entre o povo de Coimbra e de toda uma região que o lê, mantendo-o vivo e útil numa sociedade onde a imprensa treme cada vez mais por vários motivos sociais e económicos. Felicitar esta Obra secular é dar os parabéns a todos os seus dirigentes, diretora, redatores, colaboradores e leitores. Desfolhar as suas páginas é consultar um velho sábio entre o povo e para o povo, lutando como quem não desiste de viver.