13 de Julho de 2025 | Coimbra
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Loja “Formiguita’s” divulga artigos produzidos por mulheres empreendedoras

19 de Junho 2025

A Rua General Humberto Delgado, em Coimbra, é morada de uma loja completamente dedicada ao empreendedorismo feminino. Chama-se “Formiguita’s” e permite que dezenas de mulheres exponham artigos da sua autoria. Entre cerâmica, amigurumi, quadros, bijuteria e velas, todas as peças são únicas e feitas à mão. O objetivo é simples: por um lado, contribuir para a valorização pessoal de quem as produz e, por outro, fazer com que quem as compra se sinta especial.

A marca teve início ainda antes da pandemia. Na altura, a “Formiguita’s” estava situada na zona de Celas, no entanto, as pequenas dimensões do espaço obrigaram a uma mudança. Assim, a 15 de fevereiro deste ano, a loja reabriu em frente à Escola Secundária Avelar Brotero, destinando-se a mulheres que estejam em início de vida ou reformadas. “O meu intuito é ajudar a expor os artigos delas. Aquelas que estão no começo e não têm possibilidades económicas para ter uma loja”, conta Paula Ferreira, proprietária da “Formiguita’s” em declarações ao “O Despertar”.

No total, são cerca de 16 as mulheres que produzem as peças que preenchem o espaço. As idades são variadas, havendo até quem ultrapasse os 75 anos. “Estão reformadas e eu não quero que fiquem fechadas em casa”, explica a responsável, garantindo que o projeto é um lugar que combate a solidão.

 

“Ainda há o medo de arriscar”

Paula Ferreira sempre sonhou ter um negócio próprio e é por esse motivo que, diariamente, acorda com um sorriso. Não importa se os dias são coloridos ou cinzentos, afinal, a vontade de mudar vidas é o suficiente para que esteja sempre bem disposta. “Eu quero realmente ajudar, porque eu penso que, em pleno século XXI, a mulher ainda não é valorizada”, lamenta.

Nesse sentido, a proprietária da “Formiguita’s” quer contribuir para alterar esta realidade, começando por trabalhar a união entre pessoas do sexo feminino. “Há uma rotatividade no que diz respeito à venda dos artigos. Não permito que haja repetição de peças, porque não quero que haja competição entre marcas. (…) Normalmente, cada marca fica em exposição durante três meses e, depois, vai rodando para dar a vez a outras”, revela.

Além disso, a responsável também proporciona momentos de convívio por forma a cimentar o espírito de entreajuda. “Tento fazer jantares e tertúlias para que nos conheçamos melhor”, afirma. Na sua perspetiva, a união é fundamental sobretudo no que diz respeito aos negócios, uma área ainda muito difícil para as mulheres. “É um bicho de sete cabeças, por exemplo, o que tem a ver com finanças e passar faturas. Há pouca informação”, admite.

É essa escassez de respostas que a “Formiguita’s” pretende combater, incentivando o público feminino a agir sem receios. “Vamos conseguir, na Região Centro, fazer com que as mulheres se sintam mais especiais e, pelo menos, que não tenham medo de arriscar. Eu acho que ainda é muito isso: ainda há o medo de arriscar”, sublinha.

 

Loja tem lista de espera

Esta colaboração entre mulheres não poderia estar a correr melhor. Em primeiro lugar, são muitas as que mostram que a venda das suas peças tem tido um impacto direto na melhoria da sua autoestima. “Nota-se, nitidamente, que elas ficam mesmo felizes por o trabalho delas ser apreciado”, denota a proprietária. Depois, há a questão da procura. O espaço conta já com uma lista de espera de marcas que querem ver as suas peças na “Formiguita’s”.

“As pessoas estão mesmo a gostar (…) Sinto que entram na loja e sentem-se bem. Esse é o melhor feedback”, salienta responsável. Uma atmosfera que só é possível graças à proximidade que Paula Ferreira cultiva junto de quem lhe entra pela porta. “Acho que é fundamental. Sem a parte humana nada de consegue”, assente.

Os resultados positivos também se fazem sentir em termos de clientes, já que uma grande parte da população está a voltar a interessar-se por artesanato. “Coimbra está a começar a gostar e noto que as pessoas vêm, cada vez mais, à loja porque aqui encontram peças únicas; que mais ninguém vai ter”, reconhece.

Nesse sentido, – e por serem exclusivos -, os artigos acabam por dar mais confiança a quem os usa. O público-alvo é “um bocadinho transversal” e vai desde os 18 aos 60 anos, em resultado da variedade de oferta que existe no espaço.

Apesar dos produtos que estão à venda na loja serem feitos para mulheres, os homens também são bem-vindos. “Não temos um artigo específico para eles, mas temos peças que eles podem oferecer a alguém”, refere Paula Ferreira.

 

Foco na sustentabilidade

Para além do ênfase no empreendedorismo feminino, o espaço também aposta na moda sustentável. A “Formiguita’s” vende roupa em segunda mão e, não obstante, ainda apresenta uma marca que se foca em pensos higiénicos amigos do ambiente, bem como totebags que fazem sucesso junto dos jovens. “É uma preocupação grande e acho que não há necessidade de consumirmos da forma como consumimos. Considero que a reciclagem é muito, muito importante”, frisa a proprietária.

Posto isto, o projeto assume-se como uma loja de causas e, por isso, quer continuar a crescer. O futuro poderá passar pelo desenvolvimento de debates com vista a sensibilizar a comunidade para o tema do empreendedorismo feminino. “É um sonho que eu tenho: ter tertúlias cá no espaço. Acho que é bom para promover a entreajuda, já que há tantos problemas que as mulheres enfrentam e mantêm-se caladas. Quero conseguir chegar a elas”, confessa Paula Ferreira.

Para já, essas conversas estão em segundo plano, todavia, a responsável não descarta a possibilidade de virem a acontecer, a longo prazo. “Sem dúvida. Estou a trabalhar para isso”, confirma, não deixando dúvidas de que, ao ajudar outras pessoas, está a ajudar-se a si mesma. “Esta é a melhor terapia”, conclui.

 

 


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