Amor e coragem são para o Professor Linhares Furtado as palavras que traduzem melhor o significado da homenagem de que foi alvo, no passado sábado, dia em que se assinalou os 50 anos do primeiro transplante em Portugal, por si realizado, em Coimbra.
A um mês de fazer 86 anos, Linhares Furtado foi tão enaltecido como o primeiro homem que pisou a Lua, pois também foi pioneiro, nos transplantes renais, hepáticos e pancreáticos, e na colheita do primeiro coração transplantado no nosso país.
Perante a antiga Igreja do Convento de S. Francisco repleta de doentes transplantados vindos de todos os pontos do país, foi para esses e respetivas famílias que dirigiu as suas palavras. “Doar um órgão é um ato de amor e de coragem”, declarou Linhares Furtado, considerando quem o faz os “verdadeiros heróis e heroínas”.
Quem recebe um novo “sopro de vida” também não fica indiferente e, conforme referiu uma doente transplantada, o momento em que recebeu o órgão passou a ser mais importante do que a data de celebração do aniversário. “Nesse dia renasci” – justificou.
Os múltiplos testemunhos apresentados sobre a sua vida, pessoal, científica, académica, apontam no mesmo sentido: Linhares Furtado é um homem excecional, a nível mundial, também tocado pela cultura, com apreço pela música e a pintura.
Quem desbravou caminhos e ultrapassou tantas dificuldades, até chegar ao êxito, responde com um Obrigado. Aos doadores, aos que se submeteram a um transplante, às equipas médicas envolvidas, que chegam a ser entre 20 a 30 de várias especialistas.
Aos muitos prémios nacionais com que já foi distinguido, entre os quais o da Ordem do Infante e a Grã-Cruz da Ordem de Cristo, Linhares Furtado vai receber, em Belém, a Grã-Cruz da Instrução Pública, conforme anunciou Duarte Nuno Vieira, diretor cessante da Faculdade de Medicina de Coimbra, ao ler uma mensagem do Presidente da República.