Uma lesão na coluna pode condicionar o resto da vida. É este o alerta da campanha nacional “Olhe pelas suas costas”, lançada a 5 de setembro, Dia Internacional das Lesões Vertebro-Medulares, e que realça a importância de compreender o impacto destas lesões e prevenir situações de risco.
“Depois de uma lesão da coluna vertebral e medula espinhal, podemos ficar com sequelas muito graves durante o resto da nossa vida. Estamos a falar de paralisia dos membros, incapacidade para realizar tarefas diárias, necessidade de uso de cadeira de rodas e dependência parcial ou total. Em casos mais graves, uma lesão deste tipo pode até provocar a morte. Ainda assim, há cuidados que todos podemos adotar para prevenir situações de risco”, explica Bruno Santiago, neurocirurgião e coordenador desta campanha.
A maior parte dos traumatismos vertebro-medulares é provocada por acidentes de viação, que podem até evitar-se com uma condução mais prudente. Em segundo lugar encontram-se, segundo este responsável, as quedas de grande altura, algumas relacionadas com acidentes de trabalho, que uma segurança mais reforçada poderia impedir. Já a terceira causa mais frequente de lesões na medula espinhal são os mergulhos, que podem provocar danos irreversíveis.
“Os mergulhos são muitas vezes desvalorizados, mas representam um comportamento de risco que pode ter impacto significativo na qualidade de vida. É importante estar atento ao local escolhido para mergulhar, devido à profundidade e potencial existência de rochas ou bancos de areia”, acrescenta o neurocirurgião.
Estas lesões afetam sobretudo jovens adultos, devido aos acidentes de viação e mergulhos, numa fase ativa, com um enorme impacto individual. Os doentes que sofrem traumatismo vertebro-medulares têm uma mortalidade e morbilidade maior do que a população em geral, apesar do enorme avanço da qualidade dos cuidados médicos, que permitiu reduzir muito as complicações associadas a estas lesões. Existe também um relevante impacto económico e custo para a sociedade que não deve ser esquecido, pela perda de participação laboral do indivíduo e cuidados médicos necessários a longo prazo.
“Nos últimos anos temos assistido também a um aumento deste tipo de traumatismos em pessoas idosas, que sofrem quedas relativamente banais, mas com lesões por vezes graves, devido às alterações degenerativas da coluna vertebral já pré-existentes”, explica Bruno Santiago.
A campanha “Olhe pelas suas costas” salienta, assim, a importância de acautelar potenciais situações de risco e adotar comportamentos responsáveis para prevenir uma lesão que pode mudar a vida para sempre, recordando que é a medula espinhal que leva as mensagens do nosso cérebro para o resto do corpo, o que significa que dela dependem a locomoção, respiração, movimentos, pressão arterial sanguínea e controlo intestinal e da bexiga.