Leopoldo Cunha Matos faleceu, ontem (10 Novembro), aos 95 anos de idade, sendo o governador civil de Coimbra a 24 de Abril de 1974.
O velório será a partir das 16h00 de hoje e a missa celebrar-se-à amanhã, às 11h00 (sempre na Igreja São João de Deus, próximo da praça de Londres, em Lisboa), partindo depois para Viseu.
Leopoldo Cunha Matos, retratado pelo “Campeão”, em 2005, como mestre da “engenharia social”, faleceu, ontem, aos 95 anos de idade, sendo o governador civil de Coimbra a 24 de Abril de 1974.
O velório será a partir das 16h00 de hoje e a missa celebrar-se-à amanhã, às 11h00 (sempre na Igreja São João de Deus, próximo da praça de Londres, em Lisboa), partindo depois para Viseu.
Aposentado dos Serviços Municipalizados de Transportes Urbanos de Coimbra (SMTUC), onde foi director-delegado, o engenheiro electrotécnico presidiu à Câmara Municipal de Viseu.
A cidade viseense acolheu Cunha Matos para frequentar o ensino secundário, já que uma tia ali dirigia um colégio quando fazia parte da Congregação das Doroteias.
Enquanto freira, nas Doroteias, Maria do Carmo foi superiora de Lúcia dos Santos. Por isso, Leopoldo encontrou-se algumas vezes com a vidente de Fátima, a quem, até por carta, chegou a pedir para rezar por uma ou outra causa.
Sempre ligado a instituições particulares de solidariedade social, Cunha Matos fez “engenharia social”, a tempo parcial, quando era engenheiro electrotécnico e dedicou-se inteiramente a esta causa depois de se aposentar.
Ingressou na Conferência de São Vicente de Paulo ainda era estudante, aderiu à Misericórdia de Viseu e, mais tarde, à instituição congénere conimbricense, foi membro do Banco Alimentar Contra a Fome e da Obra de Promoção Social de Coimbra e pertenceu à Direcção da Casa de Infância de Elysio de Moura.
Ao concluir cinco mandatos (15 anos) como provedor da Misericórdia de Coimbra, o “engenheiro social” pôs de parte a hipótese de voltar a ser reeleito. Gracejava que declinou o sexto mandato por estar “com juízo e poder vir a julgar-se insubstituível”.
Ao parafrasear Leonardo Boff, Cunha Matos dizia que “fomos criados para a felicidade e não apenas para desfrutarmos dela depois da morte”.
“Vida para além da morte” é um livro que o engenheiro electrotécnico reputava de decisivo para “ajudar a compreender que devemos amar os outros para os ajudarmos a serem felizes”.
Governador civil de Coimbra quando ocorreu a «Revolução dos cravos», a 25 de Abril de 1974, Cunha Matos dizia ter visto no programa do Movimento das Forças Armadas, à excepção da questão das antigas colónias, “aquilo que toda a gente queria”.
Na manhã de 26 de Abril apresentou-se para trabalhar nos Serviços Municipalizados de Coimbra. Ainda assim, esteve suspenso das funções de director-delegado entre Março de 1975 e o final do ano seguinte. Uma norma da Constituição da República, aprovada em 1976, garantiu-lhe a reintegração.
Ao recordar episódios antigos, Leopoldo tinha uma “palavra de apreço” para o falecido médico e professor universitário Rui Carrington da Costa, que liderou a Comissão Administrativa da Câmara Municipal de Coimbra no pós-25 de Abril, e para Judite Mendes de Abreu (PS), eleita presidente em Dezembro de 1976.
Durante o último dos mandatos de António Moreira (PSD), o então director-delegado dos SMTUC recebeu da autarquia uma medalha alusiva à dedicação com que desempenhou o cargo.
O gosto pela música granjeou-lhe a alcunha de Stokowsky (Leopoldo Stokowsky), apelido de um antigo maestro da Orquestra de Filadélfia.