Mais de 400 seniores frequentam, regularmente, as várias atividades propostas pela Junta de Freguesia de Santo António dos Olivais. Com a ideia de “dar mais vida aos anos” e promover a qualidade de vida e o envelhecimento saudável, o executivo propõe várias opções, em várias áreas, que desafiam as pessoas a sair de casa e a manterem-se ativas.
A população sénior da Freguesia de Santo António dos Olivais conhece bem as atividades que a Junta propõe no sentido de proporcionar um envelhecimento mais ativo e saudável. As propostas são muitas e são muitas as pessoas que frequentam várias, aproveitando o tempo livre que a reforma deixou para passarem tempo de qualidade, cuidando do corpo e também da mente e mantendo um ritmo e uma vida social mais enriquecedora.
De acordo com Francisco Andrade, presidente do executivo, são “mais de 400” as pessoas envolvidas em todas as iniciativas. O ateliê de pintura e desenho, que funciona às sextas feiras à tarde, nas instalações da Junta, é apenas uma das muitas propostas. Neste cenário de tintas, pincéis e cavaletes, juntam-se cerca de uma dezena de homens e mulheres que procuram tornar os seus dias mais ricos, divertidos e criativos.
Neste ateliê de pintura e desenho é evidente o gosto que os seniores têm por estas atividades. Numa visita recente e casual a este espaço, “O Despertar” encontrou um grupo de 10 pessoas, completamente concentrado nas suas criações, obras variadas e criativas que enchem de orgulho estes artistas, ao mesmo tempo que os ajudam a passar o tempo, num ambiente de convívio e partilha.
Eduarda Carvalho, 73 anos, antiga funcionária da Associação Portuguesa de Pais e Amigos do Cidadão Deficiente Mental de Coimbra, é uma das presenças assíduas nestas aulas de pintura. Apesar de o marido sempre ter gostado de pintar, as tintas nunca a seduziram e foi já aos 70 anos, quando abriu este ateliê, que decidiu experimentar. “Nunca tinha pegado num pincel até aos 70 anos. Vim para cá e não sabia nada”, recorda, orgulhosa agora dos oito quadros já pintados.
Mais do que a arte, o que motivou Eduarda Carvalho a experimentar foi a vontade de ocupar os dias de forma útil e divertida. “Gosto do convívio e não gosto de estar em casa, o que só envelhece e faz mal à mente. Para além da pintura também ando na ginástica e hidroginástica”, realça.
Victor Assunção, 66 anos e antigo funcionário das Finanças, sempre alimentou o gosto pela bricolage. Hoje, com mais tempo e disponibilidade, dedica-se também à pintura. Assume que vem pelo gosto e que procura evoluir. Apesar de, como diz, não ter a pretensão de “ser um artista”, no seu cavalete sobressai a beleza do quadro que está a pintar, um trabalho que, depois das primeiras pinceladas, o faz esquecer de tudo e o remete apenas para dentro da tela.
Júlia Figueiredo, 72 anos e antiga professora de educação musical, sempre gostou da pintura. O primeiro quadro, um ramo de lindas tulipas, ornamenta a sua casa há vários anos. Agora quis voltar a experimentar e está “a gostar muito”, não só pela pintura mas também “pelo convívio”. “Venho também ao yoga e faço parte do Coro. Assim saio de casa, convivo e tenho uma agenda preenchida”, realça.
A terapia da arte
Estas aulas são orientadas pelo professor José Sá (67 anos), que conta com a ajuda da esposa Maria Cândida Pacheco (69 anos). Licenciado em escultura mas também com experiência na pintura e desenho, decidiu dedicar algum tempo da sua reforma aos outros. “Isto é quase como um passatempo. Em vez de estarmos isolados em casa, juntamo-nos aqui, trocamos experiências e vivências, contamos umas piadas e divertimo-nos”, realça.
E há também a questão artística que, como confessa, é “por vezes surpreendente”, ficando mesmo os próprios alunos admirados com as suas capacidades artísticas. A beleza dos quadros é digna de uma exposição, assunto que o professor está a analisar já com a Junta de Freguesia. “Gostávamos de mostrar os nossos trabalhos às pessoas, dizer-lhes que o nosso ateliê está vivo e aberto a todos”, explica José Sá que, para além da pintura, assegura também, sempre acompanhado da esposa, as aulas de artes decorativas, que decorrem no Centro Social Partilha e Saber Dr. Fausto Correia.
“Achámos que podíamos ajudar as pessoas, ensiná-las e entretê-las. Esta é uma forma de promover o envelhecimento saudável e ativo e defendemos que partilhar saberes é sempre bom”, realça Cândida Pacheco. Considera mesmo que estas aulas funcionam como “uma terapia” durante as cerca de três horas em que as pessoas estão tanto no ateliê de pintura, às sextas feiras, como no ateliê de artes decorativas, às quartas, sendo que muitos destes idosos frequentam as duas atividades.
Atividades envolvem mais de 400 pessoas
Os ateliês de pintura e de artes decorativas são apenas algumas das muitas propostas que a Junta de Freguesia de Santo António dos Olivais propõe para a comunidade sénior. Yoga, chi kung, hidroginástica, teatro, alfabetização de adultos e rendas e bordados, entre outras, são também atividades muito procuradas. Destaque ainda para a atividade do coro misto, para os grupos de marchas, para os diversos ateliês e para as sessões de saúde abertas a toda a comunidade.
Com este programa muito dinâmico a nível cultural e social, as pessoas têm assim muitos e variados motivos para sair de casa, conviverem e divertirem-se.
Francisco Andrade reforça que todas as atividades envolvem “mais de 400 seniores”, promovendo “a qualidade de vida e o envelhecimento saudável da população mais idosa” e assegurando que Santo António dos Olivais é, de facto, “uma Freguesia com vida”, desafio que o seu executivo sempre abraçou.