9 de Dezembro de 2024 | Coimbra
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José da Costa: Um amor incondicional pela “sua” Coimbra

27 de Setembro 2018

Oitenta e cinco anos de idade, 85 anos de Baixa. José da Costa, proprietário da Ourivesaria Costa, é um rosto bem conhecido no “coração” de Coimbra, onde fez toda a sua vida. Vive e ama a sua cidade com intensidade e é com emoção e também alguma nostalgia que recorda hoje os tempos áureos da “sua” eterna Coimbra, cidade que o continua a encantar e a apaixonar. Neste momento festivo, sente-se também emocionado por ver “O Despertar” celebrar 100 anos, não fosse este um jornal que sempre acompanhou e que continua a ser “uma presença constante” na sua vida, como um “amigo” que o visita todas as semanas.

Se há pessoa que conhece bem a Baixa de Coimbra, esse alguém chama-se José da Costa. Foi aí que nasceu, há 85 anos, e, por opção, é aí que vive e trabalha, na Ourivesaria Costa, do qual é proprietário e onde chegou com apenas 12 anos de idade, numa altura em que ainda não se imaginava poder vir a falar-se de trabalho infantil e em que era preciso ajudar a família no sustento do lar.

Conta atualmente com 73 anos de entrega e dedicação a esta Ourivesaria, a mais antiga de Coimbra e uma das mais antigas do país. Sabe, como ninguém, o orgulho que é ter um estabelecimento comercial com esta longevidade, que tem sido capaz de sobreviver às adversidades dos tempos e aos contextos económicos difíceis, que fizeram “balançar” muitas empresas.

Sempre muito ativo na cidade, tendo-se envolvido em vários projetos de índole comercial, social e desportiva, José da Costa recorda agora, nesta edição especial em que “O Despertar” celebra o seu centenário, alguns dos momentos que marcaram a cidade, sobretudo a sua Baixa. Congratula-se também pela celebração destes 100 anos, um “feito histórico”, e evoca os “muitos amigos, sobretudo a família Sousa”, com quem teve o prazer de conviver.

O Despertar teve um papel fundamental na cidade. Surgiu numa altura em que eram poucos os jornais. Recordo-me que só havia a Gazeta de Coimbra (que entretanto acabou), O Despertar e, mais tarde, o Diário de Coimbra. O Despertar tinha muito peso em Coimbra”, recorda.

José da Costa destaca o “papel importantíssimo da família Sousa” e lembra que o jornal foi um grande palco de debate de ideias e projetos. “Muitos dos projetos que foram executados na cidade foram debatidos n’ O Despertar. Isso é indiscutível. O Despertar é o mais antigo da cidade e, logicamente, estava atento aos assuntos e a tudo o que era importante para a nossa cidade”, sublinha.

José da Costa foi um dos muitos miúdos que também se deixou fascinar pelas máquinas que estavam na oficina, na Rua Pedro Roxa, onde o jornal nasceu e onde se manteve até inícios de 2015. Mais tarde, já adulto, com frequência debateu os mais variados assuntos com os Sousas, não fosse também ele um acérrimo defensor de Coimbra, como o próprio jornal.

Para mim é um momento importantíssimo ver o jornal chegar a esta idade. Para nós mais antigos ver alguém fazer 100 anos é um motivo de festa, seja um jornal, uma pessoa, uma loja… Estou duplamente contente por ver ‘O Despertar’ a celebrar este centenário – primeiro por ter sido amigo de todos os Sousas, segundo porque também sou amigo do Dr. Lino Vinhal, por quem tenho grande amizade pessoal e profissional”, realça.

É com satisfação que José da Costa dá conta que sempre acompanhou o percurso de “O Despertar”. “O jornal continua a entrar todas as semanas na Ourivesaria e a ser uma presença constante na minha vida, como um amigo que me visita semanalmente”, sublinha com carinho.

Paixão por Coimbra e pela sua Baixa

E se “O Despertar” o faz recordar memórias do passado, ao mesmo tempo que lhe leva, todas as semanas, notícias do presente, o mesmo sucede com a própria Baixa e com a “sua” Coimbra.

A paixão de José da Costa pela sua cidade está-lhe no olhar e na voz embargada. “Eu sempre vivi – e continuo a viver – intensamente a minha cidade. Tenho tudo isso na minha memória…”, conta, acrescentando que, em muitos casos, o que falta mesmo é afeto por este património que é de todos nós.

Este sentimento conimbricense que eu tenho e que me acompanhou sempre de facto não é partilhado por toda a gente. É preciso ter nascido aqui, gostar muito da nossa cidade, amá-la incondicionalmente”, frisa.

José da Costa dedicou-se a várias causas na cidade. Foi presidente da Associação Comercial e Industrial de Coimbra, esteve muito ligado ao desporto e sempre teve um olhar atento pelo que se passa na Baixa. E é precisamente a “sua” Baixa o que mais emoções lhe traz, pelo que já foi e pelo que já lhe deu, em todos os sentidos.

Ao longo dos seus 85 anos de vida, assistiu a todas as suas transformações. E houve muitas, umas boas outras menos boas, como as cheias que obrigavam as pessoas a andar de barco a remos, por exemplo, nas ruas da Louça, Moeda e Direita. Diz que do que tem mais saudades é “indiscutivelmente do movimento, do tempo em que as pessoas quase tinham que pedir licença para circular na Baixa”. Recorda o “passar dos elétricos nas ruas, o entusiasmo das pessoas em virem à Baixa, o convívio que aqui se gerava”. Eram, contudo, outros tempos e esta afluência não era alheia, como frisa, ao facto de este ser o grande espaço comercial da cidade, onde as pessoas tinham que vir para “comprar fosse o que fosse”.

Mas o que sucede com a Baixa de Coimbra não é mais do que o reflexo do que se vive em praticamente todas as Baixas do país. “Apesar do esforço que se faça, estou convencido de que vai ser muito difícil. As Baixas nunca mais serão o que já foram. E eu tenho muita pena que assim seja”, conta.

Congratula-se, contudo, com o aumento verificado a nível de turismo nos últimos anos e sublinha que há valores que Coimbra tem que são únicos. “Para mim, Coimbra é a capital da saúde mas também do amor e da saudade”, diz. E é por tudo isto que continua “a amar e a viver intensamente” a sua cidade, a “lutar por ela” e a manter-se “esperançado” de que um dia possa ter novamente mais brilho.


  • Diretora: Lina Maria Vinhal

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