O ex-presidente moçambicano considera que esta nova Academia, dirigida por Rui de Figueiredo Marcos, diretor da Faculdade de Direito da UC, “é uma parte de uma dinâmica” que deve ser aproveitada pelos membros da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) e pela China, no relacionamento entre si, podendo “impulsionar” e ajudar a descobrir “novas maneiras” de Portugal, demais parceiros lusófonos e a própria China se “relacionarem também com outros países” no mundo.
No seu discurso, Joaquim Chissano realçou “o papel que a Academia pode jogar no desenvolvimento” dos países envolvidos, com “uma visão inovadora” e com vista a “uma maximização das vantagens para todos”.
A Academia Sino-Lusófona foi instituída em outubro de 2018, tendo como missão “desenvolver o conhecimento relevante para as relações entre a China, Portugal e os Países de Língua Portuguesa – especialmente na área jurídica, mas numa perspetiva interdisciplinar – e transferir esse conhecimento para as várias entidades interessadas no desenvolvimento e consolidação dessas relações”.
Joaquim Chissano visitou Coimbra a convite da UC, tendo sido um dos oradores chave na cerimónia de inauguração desta nova Academia, que contou também com a presença do embaixador da República Popular da China em Portugal, Cai Run. Na ocasião lançou, também, um apelo a todos para que continuem a ajudar Moçambique, na sequência do ciclone tropical Idai, que atingiu o país em março, causando centenas de mortos e avultados danos materiais.
Ainda na terça feira, o antigo Presidente da República de Moçambique e a comitiva que o acompanhou nesta visita a Coimbra, composta também pelo Embaixador de Moçambique em Portugal, Joaquim Bule, e pelo ministro Plenipotenciário de Moçambique em Portugal, Anakias Benjamin, foram recebidos na Câmara Municipal, pelo presidente Manuel Machado, numa cerimónia que contou ainda com a presença do reitor da UC, Amílcar Falcão, e do presidente da Assembleia Municipal, Luís Marinho.
Manuel Machado começou por recordar a visita de Joaquim Chissano a Coimbra em 1999 e, de seguida, salientou os laços que unem Coimbra a Moçambique, particularmente, à cidade-irmã da Beira, recentemente muito afetada pelo ciclone Idai. O presidente da autarquia sublinhou que a cidade está a trabalhar empenhada e solidariamente na possibilidade de reconstrução de equipamentos ligados à área da saúde, em conjunto com organizações não governamentais portuguesas. Recordou também José Afonso, evocando o seu papel na luta pela liberdade e democracia, também pelo facto das suas ligações históricas a Coimbra e a Moçambique, onde lecionou. Nesse sentido, Manuel Machado ofereceu a Joaquim Chissano o CD/livro/vinil “José Afonso ao Vivo”, que contém gravações e documentos inéditos de concertos e vivências do autor.
A visita de Chissano a Coimbra, onde chegou no sábado, incluiu ainda visitas a alguns locais e entidades emblemáticas da cidade, como ao Estádio Cidade de Coimbra, ao Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, ao Centro Cultural D. Dinis e à Associação Académica. Terminou, na quarta feira, com a inauguração de uma exposição no Colégio da Trindade.