Talvez dos meses mais burilados e afetivos do ano, o mês de maio é aquele que nos brinda com a plenitude da primavera. Mês da mãe e mês das flores. Não poderia haver coincidência mais perfeita para reunir o altar natural e afetivo mais belo que o Homem pode ter na vida. O mês de maio é também ele festeiro, inaugurando um ciclo de festas e romarias que se estendem até ao cair da folha no outono.
A cidade de Coimbra testemunha essa mesma folia num modo mais académico. O mundo evolui assim como a sociedade que o muda. A Coimbra Boémia e Lendária de Trindade Coelho, de Eça ou de Antero perdeu-se para sempre. Hoje restam fragmentos desse passado, que se tornaram peças fundamentais para a identidade desta Atenas que aos poucos se naufraga noutros costumes. “Naquele tempo” as tradições e o quotidiano académico, era vivido no seu estado mais original que se foi perdendo com o passar dos séculos. Os tempos evoluem e ainda bem que assim acontece, jamais queremos ser um país retrógrado, mas bem sabemos que na complexidade da evolução existem sempre vantagens e desvantagens e a sociedade representa estes dois lados que são comuns em qualquer coisa. Das festividades académicas pouco resta do que é “Tradição”.
Talvez nesse tempo fosse mais correta a definição de Coimbra ser o berço do conhecimento. A discussão crítica e intelectual que aprofundava a cultura e a filosofia de estudantes e Doutores, não era só nas faculdades que se fazia, mas também nas tertúlias e encontros onde se presenciavam verdadeiras aulas livres onde as opiniões se convergiam muitas vezes num futuro de grandes projetos literários e científicos. Tudo isto parte das gerações, pois cada geração que nasce tenta mudar o mundo à sua maneira de acordo com as suas necessidades e vícios.
Ser caloiro ou ser finalista é uma sensação que em Coimbra se presta com a sua genuinidade, talvez das mais belas do país, sendo a cidade com mais raízes académicas que se devem a esse passado que ainda hoje pode ser escutado ou lido em vozes e palavras que jamais se desamarram de um pretérito que qualquer estudante de Coimbra deveria procurar conhecer.