Queridos leitores, peço que me desculpem por utilizar nesta crónica uma palavra sueca – hej – que, em português significa olá. Esta palavra, que faz parte do meu vocabulário há uns bons e longos anos, voltou ao meu coração recentemente, e dali não voltou a sair…

Hej na minha infância: quando eu era pequenina, numas férias de verão fiz amizade com uma menina luso-sueca que nunca mais esqueci. Brincámos juntas muitas horas, ao longo de vários dias de praia, e embora nunca mais tenhamos tido contacto guardei para sempre um lugar para a minha amiga-sueca no meu baú de afetos. Era muito gira a nossa amizade porque ela não sabia (quase) nenhuma palavra em português, embora tivesse uma carinha portuguesa… e eu não sabia (quase) nenhuma palavra em sueco, embora tivesse uma carinha sueca… no final das férias a minha amiga-sueca sabia dizer olá e eu sabia dizer hej!

Hej na minha pós-infância: há vinte anos comecei a trabalhar numa empresa sueca, onde estive cerca de dois anos. Ali fiz amizade com uma menina sueca, que ainda hoje tenho a alegria de ter perto de mim, apesar dos milhares de quilómetros que nos separam. Naquela empresa, e graças ao convívio com a minha amiga-sueca, recuperei algumas palavras das minhas brincadeiras de verão e a mágica palavra – hej – voltou a ser o combustível que alimenta os meus sorrisos azuis e amarelos!

Hej no meu coração: há umas semanas li um artigo no jornal Público, da autoria de Ana Isabel Ribeiro, que despertou o meu coração sueco. Naquele trabalho referia-se que numa cidade sueca, Luleå, desde 31 de outubro está a decorrer uma campanha que tem como objetivo ajudar a combater a solidão. Desde aquele dia, os habitantes da cidade são incentivados a cumprimentarem-se na rua com um hej que faz a diferença no dia (e na vida) de muitas pessoas.

Nesta quadra natalícia, em que a solidão pesa mais do que nunca, gostava que a nossa cidade se aquecesse com o hej … vamos espalhar o hej de Natal… hej.