O isolamento dos idosos é cada vez mais uma realidade no país e Coimbra não é exceção. O concelho conimbricense tem muita população sénior fechada em casa, sem companhia para conversar, para confecionar uma receita, para passear ou simplesmente para ter amigo para abraçar e um sorriso para partilhar, além das muitas histórias que gostam tanto de contar. Mas felizmente ainda há quem se foque no combate a esta triste problemática. É o caso da Cruz Vermelha Portuguesa (CVP) que criou um projeto focado no combate ao isolamento social dos mais idosos
Chama-se “Geração pela Inclusão” e surgiu através da candidatura ao programa “Mais Ajuda” do LIDL, pelas mãos da juventude da CVP. Até agora, chegou a quatro delegações, incluindo Coimbra, e o objetivo é levar jovens voluntários às aldeias remotas do concelho e fazer companhia aos “seus” idosos.
Assim, a delegação conimbricense potencia um trabalho intergeracional e promove o desenvolvimento de competências sociais, pessoais e digitais, tanto nos idosos beneficiários como, e não menos impactante, nas camadas mais jovens que se voluntariam para executar o projeto.
Através de um processo de apadrinhamento, os jovens responsabilizam-se por apoiar e proporcionar o bem-estar dos idosos, fomentando a promoção de uma relação positiva de proximidade, bem como capacitar estes beneficiários para índices de literacia digital que permitam a sua autonomia no uso das tecnologias mais básicas.
“Existe uma relação muito próxima entre os idosos e os voluntários”, disse ao “Despertar” o coordenador local do projeto, Rodrigo Branco, sublinhando “que tem sido feito um trabalho fantástico de aprendizagem, mas também acaba por ser um espaço de diálogo e convívio”.
O projeto está no terreno há cerca de dois meses e decorre até dezembro. Até ao momento, conta com a participação de 16 idosos, com idade igual ou superior a 65 anos, e 10 jovens voluntários, entre os 18 e os 35 anos. Uma vez por semana, o jovem e o idoso que apadrinhou juntam-se numa das salas da sede da delegação conimbricense para aprender e desfrutar da companhia um do outro, no total de 24 “encontros”.
“Temos pessoas que nos dizem que este espaço é a única hora da semana em que têm alguém para conversar e conviver e isso é um dos aspetos que nos faz perceber que realmente conseguimos fazer a diferença na vida de alguém, neste caso, do idoso”, contou Rodrigo Branco, também assistente social daquela delegação.
Cada sessão semanal tem um programa definido, “em que os primeiros quatro encontros são compostos por atividades mais lúdicas para quebrar o gelo e se conhecerem melhor”, explicou o coordenador. A partir daí, acrescentou, “os conteúdos e as atividades delineadas já envolvem a componente digital, como aprender a escrever no Word, um e-mail, a explorar no Google e as redes sociais”.
Mas estas sessões vão muito além de aprender a utilizar as novas tecnologias, pois o projeto “Geração pela Inclusão” procura ir ao encontro dos gostos e interesses dos participantes. “Há idosos que têm curiosidade e iniciativa de perguntar por novas tarefas, como pesquisar uma receita, aprender a fazer tabelas e, claro, que temos todo o gosto em ensinar”, referiu Rodrigo Branco.
Um trabalho voluntário que aquece o coração dos idosos que criam laços de amizade e uma companhia que de outra forma talvez não conseguissem ter. Um gesto solidário da mão de um jovem que muda mesmo o dia de alguém que não tem com quem partilhar a sua vida. “O projeto está a terminar, mas pensamos em dar continuidade à ideia para continuarmos a acompanhar os nossos idosos”, ambiciona o coordenador.