Os perigos do tabaco para a saúde são bastantes e cada vez mais evidentes para a sociedade, pelo menos no que diz respeito aos pulmões. Vários estudos têm demonstrado que os fumadores apresentam entre cinco a 20 vezes maior probabilidade de desenvolver cancro da boca e faringe do que um não-fumador.
“Para além do cancro da boca e da faringe, o tabaco também causa outros tipos de problemas: desde simples pigmentação na boca (dentes, língua e gengivas), halitose, passando pelas doenças gengivais e, consequentemente, perda de dentes e implantes”, alerta Gil Alcoforado, médico dentista da Best Quality Dental Centers (BQDC). O especialista aproveitou as comemorações do Dia Mundial Sem Tabaco (31 de maio) para explica também que “o tabaco diminui ainda as respostas do sistema imunitário contra as infeções orais levando a um comprometimento da cicatrização, o que aumenta consideravelmente o risco de complicações após qualquer tipo de cirurgia oral, como é o caso das extrações de dentes”.
“Os fumadores apresentam geralmente maiores níveis de placa bacteriana. Além disso, fumar durante a gravidez aumenta o risco de defeitos congénitos para o bebé que se podem manifestar a nível oral, como por exemplo a fenda palatina ou o lábio leporino”, sublinha.
Composto por mais de 4.000 substâncias, das quais algumas com efeitos tóxicos, com potencial cancerígeno e com efeito de dependência, os perigos do tabaco para a saúde são bastantes e cada vez mais evidentes para a sociedade, pelo menos no que diz respeito aos pulmões. Contudo, as consequências dos hábitos tabágicos não se limitam apenas aos pulmões e sistema respiratório, existindo inúmeras consequências deste hábito ao nível da saúde oral que ainda são desconhecidas pela sociedade portuguesa, incluindo o cancro da boca e da faringe.
Deixar de fumar, com apoio médico, é a única forma de prevenção destas doenças orais e, segundo dados de estatística internacional, a taxa de cessação tabágica sobe entre 15 a 20 por cento quando os profissionais de saúde oral incentivam e ajudam os seus pacientes. “Cabe à nossa classe médica a identificação de pacientes fumadores nas consultas de rotina, algo simples e evidente devido às marcas que o tabaco produz na cavidade oral para além da halitose própria dos fumadores. Devemos sempre alertar para os problemas orais deste nível acima descritos”, frisa o médico.
De acordo com os números divulgados, em Portugal, um em cada cinco cidadãos, com idade superior a 15 anos, é fumador e, segundo o relatório de 2017 da Direção Geral de Saúde (DGS), no ano anterior, morreu uma pessoa a cada 50 minutos por doenças relacionadas com o tabaco, totalizando mais de 11.800 portugueses por ano. Este número representa 10,6 por cento do total de mortes em Portugal. Ainda assim, termina Gil Alcoforado, “a média de portugueses fumadores inferior à média europeia, o que revela que Portugal está a seguir o caminho certo na luta contra o tabaco”. Considera, contudo, que, “ainda assim, os esforços para combater este hábito devem ser reforçados” e apela a “um aumento do empenhamento dos profissionais de saúde oral” com vista à redução destes números.