O momento em que vivemos tudo se extrema. As posturas de arrogância, autoritarismo, seja em que profissão for, começam a estar fora do contexto. A informação propaga-se de repente e quem era o “maior”, pode ser que seja quem “cai do cavalo”.
Isto era muito comum na saúde, no ensino, e em muitos outros fatores, o que criava um certo mau estar, nos que tinham que engolir estas atitudes. Por esta razão, quando começam a despontar as exceções, lentamente, há um grande regozijo.
Refiro há dias, algo que me caiu muito bem. O meu Médico de Família, Dr. Carlos Almeida, espontaneamente dizia-me com toda a simplicidade: “A saúde é um bem precioso, demasiado importante, para ficar apenas na mão do médico”. Sorri… (O próprio Juramento de Hipócrates felizmente também já contempla a voz do paciente.)
O secretismo autoritário de muitos médicos, de não explicarem nada ao paciente, de se irritarem se ele tem dúvidas e as expressa, se levanta questões ou pensa… Isso ainda irrita muito, alguns clínicos. No entanto, há já muitos anos, que o meu médico, Professor Doutor José Manuel Silva, tinha colado na porta do seu gabinete, algo que muito me satisfez: “A mente humana é como um pára-quedas. Só funciona quando está aberta”.
E por aí além. Este clínico disponível para se dar, com transparência e frontalidade, o que nem sempre é fácil de escutar (…), foi assim enquanto Bastonário da Ordem dos Médicos e agora na Política, no seu programa – Somos Coimbra! …Ativo. Dinâmico. Esforçado. Atento à sua Terra, não se poupa a esforços, para levar a cabo o seu ideal de fraternidade interveniente, defendendo a verdade e a justiça social.
Mas não se passa isto só com cavalheiros. As senhoras são grandes heroínas. Figuras de excelência, na nossa Terra, abundam, mas passam discretamente ao nosso lado. Mulheres que são profissionais competentes. Conscientes. Dedicadas. Esforçadas. Compassivas. Excelentes médicas, pelo seu saber, pela confiança que inspiram aos seus doentes e pela relação simples, atenta e próxima dos que sofrem.
Por exemplo, a Neurocirugiã, Dr.ª Maria João Frade. Além das suas obrigações no hospital, crescem-lhe ainda as tarefas de correr a toda a hora, para levar os filhos às mais diversas atividades, para que nada lhes falte na sua educação. E segredinho… É uma excelente doceira… Cozinheira… Além de dona de casa, sempre em serviço.
Felizmente esta nova vaga de gente diferente, não para aqui. Clínicos como o Fisiatra, Dr. Pedro Saraiva, sorridente. Excelente observador, delicado com os seus doentes, o que pelo seu saber e contacto gentil, faz “milagres”, no alívio da dor!
O fino trato e olho clínico do Pneumologista, Dr. Michele de Saintes, é alguém de excelência na nossa Terra, tal como o Dr. Pedro Trincão, que conheço desde criança, com tratamentos de ponta entre nós, de Ozonoterapia, que tanto alivia quem o procura, apoiado numa postura próxima de quem sofre, carinhoso e dedicado. Segredinho: inclui-se entre os médicos artistas, pois pinta e muito bem.
O mui estimado e sábio médico de cirurgia geral, de longa experiência, Dr. João Ganho, compassivo. Atencioso com os seus pacientes. Um amigo que acolhe o outro, como irmão.
O oftalmologista, Dr. Pedro Faria, esforçado e cuidadoso, nunca abandona o doente, até ao último minuto, em que lhe pareça necessitar da sua ajuda.
O Dr. António Queimadela Batista, exercendo funções de Delegado de Saúde, que conheci há mais de 40 anos, cuidadoso. Ponderado. Responsável e de uma cortesia exemplar!
IPO em Coimbra, lugar de tanto sofrimento, médicos como a Dra. Clara Coelho, Dr. Pedro Agostinho, Dr. Óscar Vilão que marcam os que passam pelo seu contacto, como amigos, pelo cuidado, delicadeza, respeito e atenção que dedicam a quem sofre.
Singela e justa homenagem de gratidão e saudade para o inolvidável Dr. José Lopes Cavalheiro, pelo seu saber e experiência, sempre num clima de grande alegria. Bondade e singeleza no contacto excecional com o paciente, num tempo em que isso não era a norma geral!
O aristocrata e amigo do Povo, que pagava os medicamentos aos pobres, Dr. Fernando Valle, que me dizia, que depois de fazer um parto toda a noite, no curral dos animais, a uma pobre mulher que assim salvava, a única compensação, quando regressava de madrugada, montado no seu cavalo, era a maravilhosa vista da Serra coberta de ouro, pela carqueja que brilhava ao sol…