Tchum Nhu Lien a expor no Museu Etnográfico Dr. Louzã Henriques na Lousã, nos seus magníficos 30 anos de criatividade com pincéis que abarcam uma natureza na elegância das formas, na delícia do convívio com os seus quadros, que representam, mentalmente, as mil personagens do seu mundo onírico e a satisfação específica que se dilui em formas subtis e no dinamismo dos conteúdos.
Pintora e pedagoga na ilustração da cultura procura sempre as faculdades superiores e há muito que se distingue no desenvolvimento das atividades espirituais, que estão nas cores sui generis, no singular desenho, na vida consciente e no saboroso instinto, de criadora, nas energias que são, em parte, a consciência biológica de uma artista admirável reconhecida no país e no estrangeiro pela crítica competente.
De exposição para exposição, surge com novas roupagens mas não abandona o seu estilo, o seu facie ou ADN, na rica simbiose entre o Ocidente e o Oriente, a inteligência do Ser, o círculo da compreensão de duas culturas, que lhe permite, as perfeitas composições, os movimentos internos dos quadros, o clímax elevado, na forma neoclássica com novíssimas explorações, numa rara omnimoda explicativa das tintas, o seu papel, numa nova beleza que seduz do que prende.
Tchum Nhu Lien é das mais curiosas pintoras bem conhecidas nas tertúlias e galerias, premiada e que atingiu a ideia da Beleza, reconhecida neste país e no estrangeiro.
Considera a pintura como um credo ou a ciência da natureza, tantas vezes, olhando para a tela branca, começando a pintar, num ato inteiramente intuitivo, quase sem reconhecer no princípio o objeto ou as leis, como uma sonâmbula, numa atividade empírica, depois acorda e na experimentação consciente nasce as “verdades” que constituem, afinal, parte universal e a sua abstenção ou uma filosofia mística da autora muito ciente do papel das artes, como educação dum povo, como beleza ímpar.
A sua pintura, o seu canto à terra portuguesa e a originalidade do mundo oriental é uma forma poética, quase lírica de uma predestinada, que cria a sua Obra, com talento nunca se colocando nos bicos dos pés.
A crítica e o público são os aferidores.
Dilata a sua atividade por outras áreas da cultura. Elaborou iniciativas com o seu entusiasmo de inspiração. Tem a faculdade poética dos clássicos no seu pensamento largo e faz parte integrante do universo cultural da Lousã, Miranda do Corvo, do país que fixou descobrindo a harmonia interna do que é válido e possui uma faculdade captadora do ser, do outro, promovendo o saber em aulas das universidades seniores e a sua função específica é a harmonia do ser humano dando-lhe a arbitrariedade de valores.
É esta arbitrariedade empresta valor, a intuição representativa, a honestidade de se apresentar nas galerias com a sua roupa ao invés dos que vestem mil casacas na desordenação dos valores morais.
A minha deslocação a este festim para os olhos só foi possível com a ajuda da minha generosa amiga dr.ª Adélia Dioga, pois o meu andar é de um morto-vivo!
A crítica fica para quando houver espaço.