Um jantar solidário marcou, na noite de anteontem, o encerramento da Festa do Galo, evento gastronómico que decorreu de 15 a 22 de dezembro em 42 restaurantes da Baixa e de Santa Clara. Representantes da Agência para a Promoção da Baixa de Coimbra (APBC), da Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (AHRESP), dos restaurantes aderentes, patrocinadores e alguns amigos juntaram-se, na Casa da Infância Dr. Elísio de Moura, para celebrar o sucesso de mais esta iniciativa e para entregar os cheques às duas entidades beneficiadas nesta edição, precisamente a instituição acolhedora e As Criaditas dos Pobres.
A cerimónia começou com uma visita à Casa da Infância Dr. Elísio de Moura, conduzida pelo presidente Manuel Ferro, que deu a conhecer a riqueza e a história que se encontra escondida por detrás das paredes do edifício, verdadeiros “tesouros” que contam a história desta instituição e que dão conta da evolução que foi sofrendo ao longo dos seus 182 anos.
Depois desta verdadeira “viagem no tempo”, por entre túneis “secretos”, bibliotecas recheadas, salas de aulas repletas de memórias e materiais didáticos de tempos longínquos e uma capela que guarda vestígios de vários períodos históricos, o grupo sentou-se à mesa para desfrutar da refeição confecionada pela equipa da instituição, numa ementa que privilegiou o galo, especialidade que inspirou esta festa.
Vítor Marques, presidente da APBC, congratulou-se com o sucesso desta iniciativa, que envolveu 42 restaurantes, abrindo-se, pela primeira vez, a seis de Santa Clara. Felicitou todos os restaurantes que participaram nesta iniciativa, que voltou a ter um cariz solidário, tendo cada estabelecimento contribuído com 20 euros para apoiar as duas instituições selecionadas.
O presidente da APBC recordou que a ideia de conferir um carácter solidário a estes eventos gastronómicos surgiu em outubro de 2016, depois de uma reunião de comerciantes, onde se concluiu que a maioria estava preocupada com os problemas sociais e humanos que se viviam na Baixa, como as questões de tráfico de droga, prostituição e alcoolismo.
“Tentámos perceber quais eram as instituições que estavam a trabalhar no terreno e o que faziam no dia a dia e depois explicámos aos comerciantes e à população em geral o que é que essas entidades fazem diariamente para minorar esses problemas sociais e humanos que estão na Baixa”, recorda. Conhecida esta realidade, a APBC quis “mostrar aos comerciantes que podem estar descansados porque temos muitas instituições a atuar nessas áreas”, realça. Por outro lado, procurou mostrar também que compete a todos “apoiar, mostrar e valorizar o trabalho que elas fazem no dia a dia e colaborar sempre que formos solicitados”. E foi assim que surgiu a ideia de transformar estas iniciativas gastronómicas também em eventos solidários.
As Criaditas dos Pobres e a Casa da Infância Dr. Elísio de Moura receberam 420 euros cada, fruto desta festa que mobilizou a Baixa na época natalícia. Trata-se de um montante simbólico mas de grande importância para ambas as entidades, como sublinharam os seus representantes.
A Irmã Constantina Cordeiro, das Criaditas dos Pobres, agradeceu o gesto da APBC, AHRESP e dos restaurantes envolvidos, sublinhando que se trata de um donativo que vem apoiar a instituição no trabalho que presta aos pobres da cidade. “Ainda há muita necessidade e muita silenciosa”, sublinhou. Atualmente com 23 irmãs, esta instituição assegura os mais diversos apoios a quem precisa e a quem lhe “bate à porta”, apoios variados, mediante as necessidades, como um simples café quente, ajuda na compra de medicação ou do pagamento da renda, entre muitos outros pedidos de ajuda que lhe vão chegando.
A Casa da Infância Dr. Elísio de Moura acolhe, atualmente, cerca de 25 jovens, meninas com idades entre os 10 e os 21 anos, a maioria oriundas de “famílias desestruturadas”, como explicou Manuel Ferro. O presidente considera que este donativo representa “o reconhecimento da cidade pelo trabalho que a instituição desenvolve” há 182 anos.