O Grupo Etnográfico da Região de Coimbra (GERC) vai recuperar amanhã (1) “sábado de Aleluia”, a tradição da venda da Arrufada, uma iniciativa que vai na sua 13.ª edição. Ao longo da Praça 8 de Maio (antigo Largo de Sansão), em frente ao Café Santa Cruz, as vendedeiras ambulantes, trajadas a rigor, colocam em linha os seus tabuleiros carregados de Arrufadas “para a Páscoa”. “Fofo, doce e apetitoso”, este bolo vai estar à venda entre as 09h00 e as 13h00.
“Era uma venda que tradicionalmente se fazia no ‘sábado de Aleluia’, na Praça de Sansão (atual Praça 8 de Maio), pela Baixa e estações de Comboio, onde se vendiam as Arrufadas, considerado o “folar” da Páscoa, que as pessoas compravam e ofereciam aos afilhados. Vamos recriar esta tradição”, explicou o presidente do GERC, Augusto Ferreira.
A história da Arrufada está ligada ao Convento de Santana, comunidade que as confecionava em grandes quantidades a julgar pelas referências encontradas nos manuscritos. Aquando da extinção das ordens religiosas, muitas das mulheres que, sem professarem a ordem, auxiliaram as freiras nas suas tarefas de cozinha, revelaram o seu saber fazer, perpetuando-o até aos nossos dias. Por altura da Páscoa, as religiosas registavam com mais regularidade a confeção destas iguarias, ficando este bolo associado a certas ocasiões festivas. Este conceito permaneceu até ao século XIX, tempo em que a sua venda ficou conhecida pelo pregão das vendedeiras no cais da Estação Velha e na venda porta a porta.
O Grupo Etnográfico da Região de Coimbra pretende manter viva a tradição e autenticidade dos trajes identificativos do povo em meados e finais do séc. XIX, danças, cantares, usos e costumes da cidade de Coimbra e arrabaldes. O Folclore de Coimbra, pela sua riqueza etno-folclórica, variedade de ritmos e coreografias tradicionais, “representa só por si uma fonte de riqueza cultural que necessita de ser preservada, recuperada e devolvida novamente ao domínio público através da participação do Grupo Etnográfico da Região de Coimbra em festas de folclore, feiras tradicionais e romarias”, disse Augusto Ferreira.