Quase 56 por cento dos professores que participaram num questionário da Federação Nacional dos Professores (Fenprof) não conseguiu contactar com todos os seus alunos e 94 por cento consideram que o ensino à distância agravou as desigualdades. Este anúncio foi feito ontem (7 de maio), à frente da escola Martim de Freitas, em Coimbra, pelo secretário-geral da Fenprof, Mário Nogueira.
De acordo com o responsável, o questionário, que decorre até segunda feira (11 de maio) e que já recolheu mais de 4.000 respostas de docentes, conclui que a esmagadora maioria dos professores considera que o ensino à distância, aplicado face à Covid-19, agrava as desigualdades, defendendo que a organização do próximo ano letivo deve ter em conta esse défice.
De acordo com Mário Nogueira, esse agravamento das desigualdades “que põe em causa a natureza da própria escola pública” também resulta da dificuldade dos docentes em contactar todos os alunos, com mais de metade (quase 56%) a dizer que até agora não conseguiu contactar com todos os seus alunos, “porque muitos alunos continuam sem computador ou sem acesso à Internet”.
No questionário, cerca de 60 por cento dos docentes consideram que o apoio que está a ser prestado a alunos com necessidades educativas especiais “fica aquém do adequado”, e, sobre o recurso à televisão, 54% dizem que esse é um meio positivo, apesar de terem identificado “insuficiências e dificuldades que resultam de desajustamento entre os conteúdos apresentados e as aprendizagens já realizadas ou por realizar”.
Dois terços dos inquiridos referem ainda que o ensino à distância é mais exigente e apenas 19 por cento afirmaram sentir apoio por parte do Ministério da Educação.