A tradicional Feira dos Lázaros regressa domingo (7 de abril) ao Largo D. Dinis e ao Bairro de Celas. Dois grupos folclóricos de Coimbra continuam a manter viva esta tradição, recriando um dos eventos que, na época pascal, tantos forasteiros trazia à cidade e que continua, ainda a hoje, a atrair muitos visitantes e a ser muito acarinhado pela população.
O Largo D. Dinis e o Bairro de S. João, em Celas, recebem domingo, entre as 10h00 e as 18h00, mais uma recriação da Feira dos Lázaros. Promovidas pelo Grupo Folclórico da Casa do Pessoal da Universidade de Coimbra (GFCPUC) e Grupo Folclórico de Coimbra (GFC), respetivamente, estas duas feiras convidam população e visitantes a percorrerem esta zona da cidade e a desfrutarem dos sabores tradicionais e dos ambientes das feiras de antigamente.
Cumprindo a tradição, no penúltimo domingo antes da Páscoa, dezenas de pessoas vestem-se a preceito e recriam, nestes dois largos, os ambientes de convívio e confraternização que caracterizavam a Feira dos Lázaros, um evento que se realizava precisamente no domingo de Lázaros, um dia em que era habitual familiares e amigos deslocarem-se a Coimbra, à Alta da cidade, para visitar os enfermos que se encontravam internados no hospital dos leprosos, vulgarmente conhecidos por lázaros.
Esta feira centenária continua ainda hoje a mobilizar a comunidade. O GFCPUC começou esta recriação no Largo D. Dinis em 1991 e, desde então, todos os anos volta a revivê-la. Esta tradição acabou por estender-se também ao Bairro de Celas, para onde se mudaram tantos “salatinas” da velha Alta, numa recriação do GFC.
Em ambos os casos, os elementos do Grupo, trajados a rigor, vão apresentar nestas feiras todos os produtos característicos deste evento, desde os doces sabores conventuais à doçaria tradicional de Coimbra, sem esquecer os famosos petiscos servidos na célebre “tasca”, num misto de sabores e aromas que vão, com certeza, agradar aos visitantes.
À gastronomia e à doçaria, tudo confecionado pelos elementos dos grupos e com base nas receitas originais, junta-se também o artesanato e os brinquedos tradicionais, em madeira, que fazem parte das memórias de tantas gerações e que continuam a encantar os mais novos.
Outra das grandes atrações são os famosos “Lázaros”, doces em forma de galinha que são o símbolo desta iniciativa.
A Feira dos Lázaros do Largo D. Dinis conta com a participação de dois grupos convidados, nomeadamente o Grupo Folclórico Camponeses do Mondego e Grupo Folclórico da Vila de Pereira, que vão trazer ao evento a doçaria da sua região e o artesanato.
De toda a variedade, o GFCPUC destaca a vasta oferta a nível da doçaria conventual, como o manjar branco, os pastéis de Santa Clara, as arrufadas de Coimbra, os encantos do Mondego e também o arroz doce. No recinto vão encontrar-se também outras “guloseimas”, como os bananis, as pevides e os tremoços.
Estes sabores e aromas de “outros tempos” vão encontrar-se também no Bairro de Celas. Teresa Cioga, secretária da Direção do GFC, sublinha a preocupação que os elementos do Grupo, cerca de 50, têm em “manterem-se fiéis ao que se vendia na época”, bem como o facto de todos os doces que os visitantes vão encontrar na feira “serem confecionados pelos elementos do Grupo, de forma artesanal e com base em receitas antigas, fidedignas, algumas que passaram por transmissão oral”.
Trata-se de um uma recriação que continua a atrair muita gente, havendo mesmo muitas pessoas que todos os anos são presença assídua na Feira, para desfrutar dos sabores que aí encontram, pelo ambiente de convívio e, também, para recordar tempos idos. “Notamos que há uns anos vinham muitas pessoas mais idosas, que ainda tinham memórias da feira da Alta. Hoje essa população está a desaparecer mas as novas gerações estão a aparecer, há a curiosidade dos mais novos por este evento e as pessoas sabem que ali conseguem encontrar os doces conventuais e típicos da cidade, confecionados de forma artesanal, assim como os petiscos de antigamente”, realça.
Apesar de semelhantes, as feiras apresentam sempre particularidades diferentes. Apostam, acima de tudo, na revitalização das tradições antigas, defendendo os valores da cultura popular e a preservação das tradições de Coimbra, através de recriações que assentam no rigor histórico e na autenticidade.
Fica, portanto, o convite para, no domingo, entre as 10h00 e as 18h00, população e visitantes percorrerem estas duas zonas da cidade e passarem um dia diferente, podendo fazer a refeição na Feira dos Lázaros, desfrutar de um petisco, de um doce, de um café de chocolateira ou, simplesmente, do ambiente típico desta recriação histórica.